Os autores do trabalho OA06.03 Sublobar Resection is Equivalent to Lobectomy in Screen-Detected Lung Cancer questionaram ao banco de dados do NLST (National Lung Screening Trial) sobre pacientes submetidos a ressecção cirúrgica em casos confirmados de carcinoma pulmonar. Foi realizada análise comparativa de pacientes submetidos a lobectomia vs. ressecção sublobar (SLR) por escores de propensão, controlados por idade, gênero, raça, tamanho do tumor, e estadiamento. Foram feitas comparações de curvas de sobrevida global e câncer-específica.
De 1209 pacientes operados, foram identificados 821 pacientes (80%) submetidos a lobectomia, e 166 (16%) submetidos a SLR, tendo a maioria sofrido ressecção em cunha (“wedge”). Pacientes submetidos a SLR eram mais velhos (p = NS), na maioria mulheres (53% vs 41% – p=0,004), tinham tumores menores (2,0 cm vs 4,5 cm – p<0,001), na sua maior parte estádio I (80% vs 75% – p=0,001). A sobrevida de 5 anos não foi significativamente diferente para os pacientes submetidos a lobectomia vs SLR, tanto no geral, quanto na câncer-específica (77% vs 77% / 83% vs 83% – p=NS). Estes resultados se mantiveram após o pareamento por escores de propensão quanto à sobrevida, sendo que o grupo SLR teve menor taxa de complicações pós-operatórias (22% vs 32% – p=0,05) do que os submetidos a lobectomia (HR 0.59, CI 0.38-0,94).
Os autores concluem que nos pacientes com carcinoma pulmonar células não pequenas detectados no programa de rastreamento, SLR conferiu a mesma sobrevida que a lobectomia, com menor taxa de complicações pós-operatórias, com maior potencial de preservação de função pulmonar, o que pode representar uma grande vantagem para esta população.
Dado o fato de ser um estudo retrospectivo, não se pode dizer que muda nossa prática diária de imediato. No entanto, a metodologia utilizada é, ao meu ver, adequada, e reforça a prática atual de alguns serviços que já praticam a ressecção sublobar em tumores pequenos. Devemos lembrar que há dois estudos prospectivos randomizados em andamento, um japonês, e outro norte-americano, sendo que o japonês já terminou a fase de recrutamento, que responderão esta questão em definitivo em futuro próximo.
Outro ponto a ser questionado é a não menção do estadiamento linfonodal dos pacientes deste estudo, e seu impacto nesta casuística. Será interessante ver posteriormente a publicação deste estudo e conferir este dado.
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.