Sobrevida livre de doença melhorada em leucemia linfoblástica aguda de células T recidivada ou refratária após células T expressando receptor quimérico de antígeno (CAR-T) anti-CD7 seguido de transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico - Oncologia Brasil

Sobrevida livre de doença melhorada em leucemia linfoblástica aguda de células T recidivada ou refratária após células T expressando receptor quimérico de antígeno (CAR-T) anti-CD7 seguido de transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico

3 min. de leitura

Os desfechos do estudo de Z. Li e colaboradores mostraram que o tratamento com CAR-T anti-CD7 derivado do doador seguido do transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico alcançou sobrevida global e sobrevida livre da doença semelhantes, além de menor taxa de recaída e TRM em comparação com quimioterapia seguida de transplante em pacientes com leucemia linfoblástica aguda de células T recidivada ou refratária

Durante o encontro anual EHA 2022, Z. Li trouxe os novos resultados que seu grupo de pesquisa vem obtendo no tratamento de pacientes com leucemia linfoblástica aguda de células T recidivada ou refratária (T-LLA r/r). Em 2021, o grupo publicou os desfechos do estudo de fase I e centro único que tinha como objetivo avaliar a segurança e eficácia das células T expressando receptor quimérico de antígeno (CAR-T) anti-CD7 derivado do doador em pacientes com T/LLA r/r. Esse estudo clínico mostrou que os pacientes com T-LLA r/r alcançaram 90% de remissão completa (RC) com CAR-T anti-CD7 derivadas do doador, mas alguns casos desenvolveram quimerismo misto doador-receptor e pancitopenia notável.  

No presente estudo, os autores trazem a importância de fazer uma ponte rápida para o transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico (alo-TCTH) para a reconstituição hematopoiética nos casos de pacientes (pts) que desenvolveram quimerismo misto doador-receptor e pancitopenia notável. O objetivo do estudo foi avaliar a segurança e eficácia do alo-TCTH em T-LLA r/r após CAR-T anti-CD7. Durante os meses de fevereiro de 2018 a dezembro de 2021, foram incluídos 57 pts com T-LLA r/r submetidos a alo-TCTH no hospital do estudo. A idade mediana foi de 13 (4-69) anos. Doença extramedular (DME) foi encontrada em 32 pacientes (56,1%). Mutações genéticas somáticas (NOTCH 18; IL7R 3; JAK 2; FBXW7 2; WT1 2; NRAS 2) foram detectadas em 17 pacientes. Os pacientes foram divididos em dois grupos: grupo CAR-T, com 18 pts resistentes à quimioterapia e que receberam CAR-T anti-CD7, onde 17 pts obtiveram RC e um não; o segundo foi o grupo não-CAR-T, com 39 pts foram tratados com quimioterapia antes do alo-TCTH. O grupo não-CAR-T teve 25 pts que alcançaram a RC (braço RC) e 14 pts estavam em não-remissão (NR) (braço NR) antes do transplante. Os regimes de condicionamento no grupo CAR-T foram bussulfano/fludarabina (n=12) ou TBI/fludarabina (n=6). Os regimes de condicionamento no grupo não CAR-T foram bussulfano/fludarabina (n=11) ou TBI/fludarabina (n=28). Globulina antitimócito (ATG) foi usado para transplantes haploidênticos ou não relacionados. Ciclosporina, micofenolato mofetil e metotrexato de curto prazo foram empregados para a profilaxia da doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH). 

Os desfechos do estudo foram que no grupo CAR-T, o tempo mediano de enxerto de neutrófilos e plaquetas foi de 15 (10-22) e 18 (8-50) dias. Com o seguimento médio de 283 (14-496) dias, 13 pts sobreviveram e 5 pts morreram (infecção n=4; hemorragia cerebral n=1). 3 pts dos 18 (16,7%) pts recidivaram (CD7-1, CD7+ 2) após o transplante e estão em tratamento até o momento. A sobrevida global (SG) em um ano e a sobrevida livre de doença (SLD) foram de 77,8% e 61,2%. A mortalidade relacionada ao transplante (TRM) foi de 16,6%. No grupo não-CAR-T, o tempo médio de enxerto de neutrófilos e plaquetas foi de 15 (10-22) e 15 (8-28) dias. No total, 25 pts sobreviveram e 14 pts morreram (recidiva n=3; infecção n=4; DECH n=1; falência múltipla de órgãos n=6). 15 dos 39 (38,5%) pts recaíram. No braço RC, com seguimento médio de 637 (9-1357) dias, SG e SLD de um ano foram de 71,0% e 59,2%, respectivamente. No braço NR, com seguimento médio de 517 (7-513) dias, SG e SLD de um ano foram 59,2% e 40%. O TRM foi de 28,2%. 

O grupo concluiu que o tratamento com CAR-T anti CD7 derivado do doador seguido do alo-TCTH alcançou sobrevida semelhante (SG, SLD) e menor taxa de recaída e TRM em comparação com quimioterapia seguida de alo-TCTH em T-LAA r/r. O CAR-T anti-CD7 pode resultar em melhor controle da doença, o que se traduzirá em menos recorrência da doença após o transplante. 

  

Referências:  

1 – Abstract S240 –  Zhihui Li et al., CD7 CHIMERIC ANTIGEN RECEPTOR T CELLS BRIDGING TO ALLOGENEIC HEMATOPOIETIC STEM CELL TRANSPLANTATION IMPROVED DISEASE-FREE SURVIVAL IN REFRACTORY/RELAPSED T-CELL ACUTE LYMPHOBLASTIC LEUKEMIA. EHA Library. Li Z. 06/12/22; 357104; S240. EHA 2022. 

2 – Pan J, Tan Y et al., Donor-Derived CD7 Chimeric Antigen Receptor T Cells for T-Cell Acute Lymphoblastic Leukemia: First-in-Human, Phase I Trial. J Clin Oncol. 2021 Oct 20;39(30):3340-3351. doi: 10.1200/JCO.21.00389. Epub 2021 Jul 29. PMID: 34324392.