THOR: impacto do uso de erdafitinibe em pacientes com câncer urotelial metastático (mUC) e alterações no receptor do fator de crescimento de fibroblastos (FGFRalt) - Oncologia Brasil

THOR: impacto do uso de erdafitinibe em pacientes com câncer urotelial metastático (mUC) e alterações no receptor do fator de crescimento de fibroblastos (FGFRalt)

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A administração de erdafitinibe em pacientes diagnosticados com mUC e FGFRalt levou ao aumento da sobrevida global, da sobrevida livre de progressão e da taxa objetiva de resposta (ORR) quando comparada ao tratamento quimioterápico 

 

As alterações no receptor do fator de crescimento de fibroblastos (FGFRalt) são observadas em, aproximadamente, 20% dos pacientes com câncer urotelial localmente avançado ou metastático (mUC). O medicamento erdafitinibe (erda), um inibidor oral altamente específico de tirosina quinase pan-FGFR teve sua aprovação acelerada para auxiliar o tratamento de casos de mUC em adultos com FGFR/2alt suscetíveis e que progrediram após tratamento quimioterápico contendo platina. Assim, o objetivo do estudo randomizado e de fase III, THOR (NCT03390504), investigou se a administração de erda oferecia vantagens na taxa de sobrevida em comparação ao tratamento padrão quimioterápico em indivíduos com mUC que progrediram após 1 ou 2 tratamentos anteriores, incluindo a utilização de agentes anti-PDL1. 

Um total de 226 pacientes com idade de 18 anos ou mais, diagnosticados com mUC (sem possibilidade de ressecção), com FGFR/2alt, escala ECOG de performance no status 0-2, órgãos sob funções adequadas, e que apresentaram progressão durante ou depois terapia sistêmica que inclua agentes anti-PDL1 foram randomizados na proporção 1:1 para receber tratamento com erda (8mg com titulação guiada farmacologicamente para 9mg no 14º dia) semanalmente ou quimioterapia com docetaxel ou vinflunina a cada três semanas até a progressão da doença ou toxicidade intolerável.  

O desfecho primário analisado foi sobrevida global, enquanto os secundários incluíram sobrevida livre de progressão, taxa de resposta objetiva (ORR) e segurança. Entre os pacientes selecionados para o estudo, 30% já haviam passado por uma linha de tratamento, 70% passaram por duas, além de que 74% apresentavam metástases viscerais e 90% exibiam baixo PD-L1(CPS < 10). Após a randomização, 135 foram tratados com erda, e 130 passaram por quimioterapia.  

Os resultados mostraram que o tratamento com erda aumentou a sobrevida global (95% CI, 12.1 vs 7.8 meses; Harzard Ratio (HR) 0.64, 0.47 – 0.88, P=0.0050), a sobrevida livre de progressão (95% CI, 5.6 vs 2.7 meses; HR 0.58, 0.44 – 0.78; P=0.0002) e taxa de resposta objetiva (95% CI, 46% vs 12%) em comparação ao grupo que passou por quimioterapia. Porém, sérios eventos adversos relacionados ao tratamento (TRAEs) foram observados em 13% dos pacientes erda e 24% dos indivíduos com quimioterapia, e TRAEs que levaram à morte foram identificados em 1 paciente erda e 6 pacientes do grupo quimioterapia. TRAEs que levaram à redução da dose foram reportados em 66% do grupo erda em comparação à 21% dos indivíduos que passaram apenas por quimioterapia, sendo que 8% dos pacientes optaram por descontinuar o tratamento com erda, e 13% interromperam as quimioterapias. Além disso, 23 pacientes (17%) do grupo erda apresentaram retinopatia serosa central. 

Os resultados demonstram que o tratamento com erda aumentou de maneira significativa a sobrevida global, a sobrevida livre de progressão e a taxa objetiva de resposta (ORR) de pacientes com mUC e FGFRalt, apresentando uma toxicidade consistente com o perfil de segurança já relatado. 

 

Referência: 

Loriot Y. et al. Phase 3 THOR study: Results of erdafitinib (erda) versus chemotherapy (chemo) in patients (pts) with advanced or metastatic urothelial cancer (mUC) with select fibroblast growth factor receptor alterations (FGFRalt). 2023 ASCO Annual Meeting (Abst LBA4619).