O estudo EMERALD demonstrou que eribulina é não inferior e apresenta menos toxicidade em relação ao taxano quando utilizado em combinação com o bloqueio duplo de HER2 como tratamento de primeira ou segunda linha para câncer de mama HER2-positivo, localmente avançado ou metastático.
A combinação trastuzumabe + pertuzumabe + taxano tem sido a terapia padrão atual de primeira linha para o câncer de mama recorrente ou metastático positivo para o receptor tipo 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2+). No entanto, as toxicidades causadas pelo taxano reduzem a qualidade de vida (QoL) dos pacientes, o que torna necessário desenvolver alternativas ao taxano que sejam menos tóxicas, mas igualmente eficazes. No presente estudo, os autores investigaram se a eribulina apresenta não inferioridade ao taxano quando usada em combinação com o bloqueio duplo do HER2 (trastuzumabe + pertuzumabe, TP).
O estudo EMERALD é de fase 3 multicêntrico, randomizado, aberto, em grupos paralelos (UMIN000027938, NCT03264547) realizado para testar a não inferioridade da eribulina + TP (regime de estudo) em comparação com docetaxel/paclitaxel + TP (regime de controle) como tratamento quimioterápico de primeira linha em pacientes com câncer de mama HER2+ localmente avançado ou metastático. Os pacientes foram randomizados (1:1) para receber, por infusão intravenosa em um ciclo de 21 dias, (i) eribulina 1,4 mg/m² nos dias 1 e 8, ou (ii) um taxano (docetaxel 75 mg/m² no dia 1 ou paclitaxel 80 mg/m² nos dias 1, 8 e 15), cada um administrado em combinação com TP no dia 1.
Os autores avaliaram a sobrevida livre de progressão (PFS) como desfecho primário, e a taxa de resposta objetiva, sobrevivência global, qualidade de vida e segurança, como desfechos secundários. A não inferioridade foi testada usando o modelo de riscos proporcionais de Cox para estimar as razões de risco (em inglês, hazard ratios – HRs) para eventos de PFS. O limite superior de aceitação das margens de HR de não inferioridade (1,33 e 1,25) foi testado de forma escalonada.
Como resultados, foi apresentado que 446 pacientes (224 e 222 nos grupos de estudo e controle, respectivamente) foram recrutados entre agosto de 2017 e junho de 2021 com a idade mediana de 56,0 (29–70) anos. Em geral, 244 (54,7%) tinham câncer de mama positivo para HER, 285 (63,9%) tinham metástase visceral. Enquanto 247 pacientes (55,4%) tinham doença em estágio 4 de novo, 199 (44,6%) foram submetidos a cirurgia radical e 138 (30,9%) receberam taxanos no período perioperatório. As características basais de ambos os grupos estavam bem equilibradas. A mediana de PFS foi de 14,0 meses no grupo de estudo e 12,9 meses no grupo de controle (HR, 0,96; IC 95%, 0,77–1,20), confirmando a não inferioridade do regime de estudo. A mediana de sobrevivência global foi de 65,3 meses no grupo de controle, mas não foi alcançada no grupo de estudo. As incidências de reações adversas a medicamentos, incluindo neutropenia febril de grau ≥3, edema e diarreia, foram numericamente menores no grupo de estudo do que no grupo de controle (4,9% vs 8,7%, 8,5% vs 42,2% e 36,6% vs 54,1%, respectivamente).
Em conclusão, os resultados apresentados descrevem o primeiro estudo a mostrar a não inferioridade da eribulina em relação ao taxano quando usada em combinação com o bloqueio duplo do HER2. Adicionalmente, foi demonstrado como uma alternativa menos tóxica, mas igualmente eficaz ao regime contendo taxano, a eribulina combinada com trastuzumabe + pertuzumabe pode ser o tratamento de primeira linha para CM HER2+ localmente avançado ou metastático.
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