Tratamento perioperatório no câncer de pulmão: O olhar da cirurgia torácica - Oncologia Brasil

Tratamento perioperatório no câncer de pulmão: O olhar da cirurgia torácica

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O Dr. Marcelo Corassa, Médico Oncologista e Pesquisador Clínico na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e Dr. Guilherme Harada, Médico Oncologista e Coordenador de Pesquisa Clínica em Oncologia do Hospital Sírio Libanês, trazem a convidada Dra Leticia Lauricella, Cirurgiã Torácica, Cirurgiã Robótica e Prof. colaboradora da disciplina de cirurgia torácica do ICESP/FMUSP para uma conversa sobre o tratamento perioperatório no câncer de pulmão, sob a ótica do cirurgião. 

 

Neste episódio, especialistas discutem os avanços e os desafios da imunoterapia neoadjuvante no tratamento do câncer de pulmão localizado, com foco na realidade brasileira. Os doutores debatem que a imunoterapia tem demonstrado potencial significativo para aumentar a sobrevida global e melhorar as taxas de resposta patológica completa (pCR), além de possibilitar a redução de pneumonectomias. No entanto, a implementação dessa estratégia no contexto clínico exige uma seleção cuidadosa dos pacientes e uma integração eficaz entre as especialidades envolvidas, como oncologia, cirurgia e patologia. 

Os doutores trazem a experiência com os grandes estudos randomizados, como o Keynote 671, que mostra que a imunoterapia pode promover o downstaging linfonodal e aumentar as taxas de ressecção R0, o que sugere benefícios claros no tratamento neoadjuvante. Porém, o receio de cancelamento cirúrgico – uma realidade com taxas de 16% a 20% nesses estudos – permanece, embora a maioria dos cancelamentos seja motivada pela progressão da doença ou pela inadequação da seleção de pacientes, e não por toxicidade imunomediada. 

Os especialistas relatam que no Brasil, a adoção da imunoterapia no câncer de pulmão é dificultada por fatores como a demora na realização de painéis moleculares, a falta de acesso uniforme à imunoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) e a fragmentação entre os serviços de oncologia, imagem, cirurgia e patologia. Essa realidade torna a personalização do tratamento ainda mais crucial, com muitos pacientes, em função das condições locais, sendo mais beneficiados com a cirurgia upfront seguida de tratamento adjuvante do que com a imunoterapia neoadjuvante. 

Além disso, a experiência prática em território brasileiro revela um gap entre as diretrizes internacionais e a realidade assistencial. O Registro Brasileiro de Câncer de Pulmão, que já mapeou mais de 3 mil casos operados, mostra que apenas 13% dos pacientes com indicação teórica de neoadjuvância receberam esse tratamento, e menos de 30% deles foram beneficiados com imunoterapia. Esses dados ressaltam a necessidade de melhorar a viabilidade da imunoterapia neoadjuvante na prática clínica brasileira, priorizando a seleção rigorosa dos pacientes e o desenvolvimento de estratégias mais adequadas à realidade do sistema de saúde. 

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