Tricotel: eficácia de atezolizumabe, cobimetinibe e vemurafenibe no melanoma BRAFV600 mutado metastático para SNC - Oncologia Brasil

Tricotel: eficácia de atezolizumabe, cobimetinibe e vemurafenibe no melanoma BRAFV600 mutado metastático para SNC

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Apesar dos recentes avanços no tratamento do melanoma, ainda há uma urgente necessidade de melhora dos desfechos clínicos de pacientes com metástases para o sistema nervoso central

Até o momento, estudos que avaliam a atividade intracraniana de imunoterapias e terapias alvo no tratamento do melanoma têm incluído um número limitado de pacientes com metástases sintomáticas do sistema nervoso central (SNC). Nesse contexto, durante o Congresso Mundial da ASCO 2022, foram apresentados os dados da coorte 2 do Tricotel, um estudo de fase II que avaliou a eficácia e a segurança da combinação de atezolizumabe (A), cobimetinibe (C) e vemurafenibe (V) no tratamento do melanoma BRAFV600 mutado metastático para sistema nervoso central (SNC), incluindo pacientes sintomáticos em uso de corticosteroides. 

Foram elegíveis indivíduos com idade ≥ 18 anos diagnosticados com melanoma, virgens de tratamento para doença metastática, cujas lesões secundárias para SNC foram confirmadas por ressonância magnética (≥ 5 mm). Os pacientes receberam A (840 mg nos dias 1 e 15 de cada ciclo de 28 dias) + C (60 mg/dia por 21 dias consecutivos, seguidos de 7 dias de pausa) + V (720 mg 2x/dia), exceto no ciclo 1, durante o qual A foi omitido. O desfecho primário foi a taxa de resposta objetiva intracraniana (TRO; confirmado por avaliações ≥ 4 semanas de intervalo por comissão de revisão independente [CRI]). Os desfechos secundários foram a TRO intracraniana avaliada pelo investigador, TRO extracraniana, TRO geral, duração da resposta (DDR), taxa de controle da doença, sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG) e segurança. 

Análises de subgrupos pré-especificadas foram também realizadas em pacientes recebendo corticosteroides (> 2 mg/dia de dexametasona) e/ou com sintomas relacionados ao SNC no início do estudo versus pacientes assintomáticos. 

 

Resultados: 

Ao todo, 65 pacientes foram avaliados (idade média: 55 anos; 63% do sexo masculino). No início do estudo, 37% estavam em uso de corticosteroides e/ou eram sintomáticos; 49% tinham o DHL elevado. A mediana de acompanhamento foi de 9,7 meses para todos os pacientes, 10 meses para aqueles em uso de corticosteroides e/ou sintomáticos (n = 24), e 9,7 meses para os assintomáticos (n = 41) no início do estudo.  

A TRO intracraniana foi de 42% por CRI e 51% pelo investigador (concordância de melhor resposta geral: 68%). A DDR e a mediana de SLP intracranianas foram de 7,4 e 5,3 meses, respectivamente. Em pacientes em uso de corticosteroides e/ou sintomáticos no início do estudo, a TRO foi de 58%, DDR de 10,2 meses e SLP de 7,2 meses pelo investigador. Já nos assintomáticos, a TRO foi de 46%, DDR de 5,7 meses e SLP de 5,5 meses. 

Dos 60 pacientes que receberam A + C + V, eventos adversos (EAs) de grau 3 ou 4 ocorreram em 70% dos indivíduos; mais comumente lipase aumentada (27%) e CPK elevada (17%). EAs graves ocorreram em 30% dos participantes. EAs que levaram à descontinuação de qualquer tratamento do estudo ocorreu em 27% dos pacientes. 

Os autores concluem que a adição de A + C + V apresenta atividade intracraniana promissora em pacientes com melanoma BRAFV600 mutado com metástases para o SNC, particularmente naqueles em uso de corticosteroides e/ou em pacientes sintomáticos. O perfil de segurança de A + C + V é consistente com o observado no estudo IMspire150.  

 

Referências:  

  1. Dummer R, et al. Atezolizumab (A), cobimetinib (C), and vemurafenib (V) in patients (pts) with BRAF mutation–positive melanoma with central nervous system (CNS) metastases (mets): Primary results from phase 2 Tricotel study. 2022 ASCO Congress.