No presente estudo, os autores avaliaram a combinação de tucatinibe-trastuzumabe-capecitabina em pacientes com câncer de mama HER2+ e metástase leptomeníngea. Os resultados sugerem a eficácia da terapia sistêmica para metástase leptomeníngea em câncer de mama HER2+. Esse estudo foi discutido no 2024 ASCO Annual Meeting (ASCO 2024). Informações sobre ensaios clínicos: NCT03501979.
As opções de tratamento para pacientes com metástase leptomeníngea (LM) são limitadas e o prognóstico é ruim. O tucatinibe é um inibidor potente e altamente seletivo da tirosina quinase direcionada ao HER2. A combinação de tucatinibe-trastuzumabe-capecitabina está aprovada para pacientes com câncer de mama HER2+ metastático, com ou sem metástases cerebrais, que receberam ≥ 1 regime prévio baseado em HER2 no cenário metastático.
No presente estudo, os autores avaliaram o benefício deste regime em pacientes com câncer de mama HER2+ e LM. Dados preliminares de eficácia deste tratamento demostram sobrevida global mediana de 10 meses e um tempo médio para progressão do Sistema Nervoso Central (SNC) de 6,9 meses. Já este presente estudo, apresentou dados adicionais sobre a resposta objetiva da LM, exame clínico neurológico avaliado pelo provedor e resultados relatados pelo paciente (PRO).
Os resultados apresentados são oriundos do estudo clínico de fase 2 TBCRC049 (NCT03501979), que avaliou os efeitos do regime de tucatinibe-trastuzumabe-capecitabina em adultos com câncer de mama HER2+ e LM recém-diagnosticada. Os pacientes elegíveis tinham um status de desempenho de Karnofsky > 50 e LM não tratada (definido como citologia de líquor positiva e/ou evidência radiográfica de LM, além de sinais/sintomas clínicos). Em ciclos de 21 dias, os pacientes receberam tucatinibe (via oral), capecitabina (via oral) e trastuzumabe (via intravenosa). O desfecho primário foi a sobrevida global (SG). A resposta objetiva da metástase leptomeníngea foi avaliada usando um composto de imagem do neuroeixo, exame clínico neurológico e citologia do líquor, derivado do RANO-LM. O exame clínico incorporou a ferramenta de pontuação NANO e avaliação de sintomas por meio do MDASI-BT. Foram monitorados até 04 déficits neurológicos alvo de referência avaliados pelo provedor. Um cartão de pontuação foi utilizado. Os PROs foram avaliados usando as ferramentas LASA e MDASI-BT.
O presente estudo foi projetado para 30 pacientes, mas encerrado em 17 pacientes após a aprovação do tucatinibe pela FDA (abril de 2020). Todos os pacientes (idade média de 53 anos) apresentavam evidências de LM na ressonância magnética, 15 (88%) sintomáticos e 8 (47%) apresentavam citologia anormal do líquor. No ponto de corte dos dados (20.07.21), 5 (38%) dos 13 pacientes elegíveis para resposta alcançaram resposta objetiva na LM de acordo com os critérios compostos na avaliação da primeira resposta, e todos os 13 (100%) alcançaram benefício clínico (doença estável, resposta parcial, resposta completa). Notavelmente, 7 (58%) dos 12 pacientes avaliáveis com déficits neurológicos apresentaram do deste quadro. Todos os 17 completaram ≥ 75% dos questionários LASA e MDASI-BT PRO em momentos pré-especificados. A melhoria média na pontuação LASA foi de 13,5, indicando melhoria da qualidade de vida, e a melhoria média na pontuação MDASI-BT foi de 32, indicando melhoria da carga de sintomas.
Em conclusão, os resultados apresentados são a primeira evidência prospectiva de benefício clinicamente significativo, incluindo respostas objetivas, melhora dos sintomas e qualidade de vida, juntamente com sobrevida prolongada, com um regime sistêmico para metástase leptomeníngea de câncer de mama HER2+. Esses dados apoiam a tendência de utilização da terapia sistêmica como abordagem inicial nas metástases do SNC.
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