Uso de durvalumabe + tremelimumabe + quimioterapia apresenta melhora na sobrevida global de pacientes com CPNPC - Oncologia Brasil

Uso de durvalumabe + tremelimumabe + quimioterapia apresenta melhora na sobrevida global de pacientes com CPNPC

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Neste vídeo, Dra. Ana Gelatti, oncologista clínica e vice-presidente do GBOT, discute sobre os dados do estudo clínico POSEIDON que foram apresentados no WCLC (World Conference on Lung Cancer) 2021

 

O estudo clínico POSEIDON é um estudo de fase 3, global, randomizado, aberto, que incluiu pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC), sem mutação do EGFR ou translocação do ALK, com doença metastática, previamente não tratada. Este estudo avalia o uso de durvalumabe (anti-PD-L1) em combinação ou não com tremelimumabe (anti-CTLA-4) em combinação com regimes de quimioterapia de escolha do investigador como tratamento de primeira linha para CPNPC metastático escamoso ou não escamoso. O racional para este estudo se baseia em evidências emergentes de que adicionar terapia anti-CTLA-4 à terapia anti-PD1/PD-L1 pode prolongar os resultados de sobrevivência e benefícios de longo prazo para os pacientes. 

Os pacientes foram randomizados 1:1:1 para receber durvalumabe (1.500 mg) e quimioterapia a cada três semanas por quatro ciclos seguidos por durvalumabe (1.500 mg) a cada quatro semanas até a progressão; ou durvalumabe (1.500 mg) com tremelimumabe (75 mg) concomitantemente com quimioterapia a cada três semanas por até quatro ciclos, seguido por durvalumabe (1.500 mg) a cada quatro semanas até a progressão, com uma dose adicional de tremelimumabe após a quarta dose de quimioterapia; ou quimioterapia a cada três semanas por até seis ciclos. Os pacientes também foram estratificados pela expressão de PD-L1 em células tumorais (TC ≥50% versus <50%), estágio da doença (IVA versus IVB) e histologia (escamoso e não escamoso). 

Os desfechos primários foram sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) para durvalumabe + quimioterapia versus quimioterapia. Caso algum dos desfechos primários fossem positivos, seriam analisados os desfechos secundários, que foram a SLP e SG para durvalumabe + tremelimumabe + quimioterapia versus quimioterapia.  

A mediana de SG de durvalumabe + quimioterapia foi de 13.3 meses (11.4–14.7) versus quimioterapia 11.7 meses (10.5–13.1) não atingiu resultados significativos (HR 0.86; IC 95% 0.72–1.02; P=0.07581). Já a mediana de SLP de durvalumabe + quimioterapia foi de 5.5 meses (4.7–6.5) versus quimioterapia 4.8 meses (4.6–5.8), atingindo resultados significativos (HR 0.74; IC 95% 0.62–0.89; P= 0.00093). 

A partir destes resultados, a mediana de SG para durvalumabe + tremelimumabe + quimioterapia foi de 14 meses (11.7–16.1) versus quimioterapia 11.7 meses (10.5–13.1), apresentando uma redução de risco de vida de 33% (HR 0.77; IC 95% (0.65–0.92); P=0.00304). 

Na análise de subgrupos, foi demonstrado que os pacientes com PD-L1 negativo não parecem ter tanto benefício com o uso de durvalumabe + quimioterapia; e quanto maior a expressão de PD-L1 maior foi o benefício associado. Entretanto, no braço de pacientes tratados com durvalumabe + tremelimumabe + quimioterapia, foi observado que mesmo os pacientes PD-L1 negativo apresentaram um benefício clínico com o uso desta combinação. Além disso, o benefício clínico pareceu ser mais pronunciado no subgrupo de pacientes com histologia não-escamosa, tanto para SG quanto para SLP.  

Dra. Ana Gelatti conclui que POSEIDON foi um estudo positivo, apresentando dados significativos de SG e SLP para o braço que recebeu durvalumabe + tremelimumabe + quimioterapia, um dos desfechos secundários do estudo. No mais, a associação de um anti-PD-L1 com um anti-CTLA-4 parece beneficiar positivamente os pacientes que apresentam PD-L1 negativo. 

 

Referência: 

PL02.01 – Melissa L Johnson et al., Durvalumab ± Tremelimumab + Chemotherapy as First-line Treatment for mNSCLC: Results from the Phase 3 POSEIDON Study. Presented at 2021 World Conference on Lung Cancer.