2019 in Review: avanços no tratamento de tumores gastrointestinais - Oncologia Brasil

2019 in Review: avanços no tratamento de tumores gastrointestinais

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A Dra. Renata D’Alpino, oncologista Clínica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Diretora Científica do Grupo de Tumores Gastrointestinais, apresenta os principais estudos publicados no ano de 2019 na área de tumores gastrointestinais.

Em cólon destaque para ctDNA (DNA circulante) como marcador de risco de recorrência em câncer colorretal (CCR) estadio III, publicado no JAMA Oncology em outubro de 2019, o estudo australiano do grupo da Dra. Tie avaliou 100 pacientes com CCR estádio III em que se planejava fazer QT (quimioterapia) adjuvante realizavam coleta seriada de ctDNA plasmático (tanto no pós-operatório quanto após QT adjuvante). Viu-se que pacientes com ctDNA positivo pós-operatório apresentavam um risco aumentado de recorrência (HR 3,8, p<0,001). Além disso, a sobrevida livre de recorrência em 3 anos foi de 30% quando ctDNA era positivo após QT versus 77% quando era negativo (HR 6,8, p<0,001). Estes resultados apontam o ctDNA como importante fator prognóstico no CCR (câncer colorretal)  estádio III e, futuramente, poderá na prática clínica ser utilizado como um divisor de águas para fazer ou não QT adjuvante.

No cenário metastático destaque para o ReDos e BEACON. O estudo de fase II ReDos foi publicado no Lancet Oncol em junho de 2019. Randomizou 123 pacientes com CCR metastático que já haviam falhado a terapêuticas prévias para 4 grupos (escalonamento de dose de regorafenibe – 80 mg na primeira semana escalonando para 120 mg na 2ª e 160 mg na 3ª se bem tolerado – versus dose padrão de 160 mg já de início ou uso ativo ou reativo de creme de clobetasol). Neste estudo, houve aumento da proporção de pacientes que chegaram ao 3º ciclo de regorafenibe no braço de escalonamento de dose (43% versus 26%, p=0,043), levando inclusive, ainda que sem significância estatística, a aumento da SG no braço de escalonamento. O estudo de fase III BEACON, apresentado na ESMO GI e publicado em outubro no NEJM, randomizou 665 pacientes com CCR metastático BRAF mutados que haviam progredido a uma ou duas linhas prévias de tratamento para receberem bloqueio triplo (encorafenibe + binimetinibe + cetuximabe) versus bloqueio duplo (encorafenibe + cetuximabe) versus tratamento padrão (FOLFIRI ou irinotecano). Os endpoints primários de sobrevida global (SG)  e taxa de resposta foram alcançados quando comparamos o bloqueio triplo com tratamento padrão (9 meses versus 5,4 meses, HR 0,52, p< 0,0001 e 26% versus 2%, p<0,0001, respectivamente).

Com relação ao hepatocarcinoma celular (HCC), destaque para o IMbrave 150, apresentado no ESMO Asia 2019 em novembro, este estudo randomizado de fase III, 501 pacientes com HCC irressecável foram randomizados (2:1) para atezolizumabe + bevacizumabe versus sorafenibe. O endpoint primário foi alcançado, em que a SG mediana não foi ainda alcançada no braço experimental versus 13,2 meses para sorafenibe, HR 0,58, p=0,0006). Também houve aumento significativo na sobrevida livre de progressão (SLP) e taxa de resposta, favorecendo atezolizumabe + bevacizumabe.

Em pâncreas, notoriedade para o estudo de fase III POLO, apresentado na Plenária da ASCO 2019 e publicado no NEJM no mesmo dia, em que randomizaram 154 pacientes com adenocarcinoma de pâncreas metastático com mutação germinativa de BRCA1 ou BRCA2 e que não haviam progredido a pelo menos 16 semanas de QT a base de platina para receberem manutenção de olaparibe 300 mg 12/12h versus placebo. Houve ganho de SLP a favor do olaparibe (7,4 meses versus 3,8 meses, HR 0,53, p=0,004). Os dados de SG ainda não estão maduros, mas neste momento ainda não havia diferença entre os braços. Pela primeira vez uma droga alvo-molecular mostra atividade no câncer de pâncreas metastático.

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