TKIs anti-EGFR são uma opção de tratamento estabelecida para pacientes com CPNPC com mutações comuns em EGFR (Del19 ou L858R); no entanto, 4–12% dos tumores não pequenas células abrigam mutações EGFR incomuns, em que a eficácia dos atuais TKIs é menos estabelecida
O estudo (NCT03848052), apresentado por Chouaid et al avaliou os valores prognósticos e preditivos das mutações de inserção no éxon 20 do gene EGFR em pacientes com CPNPC histologia não escamosa, baseando-se na análise retrospectiva de um banco de dados multicêntrico (Epidemio-Strategy and Medical Economics [ESME] Advanced and Metastatic Lung cancer [AMLC]). O banco de dados inclui 13.737 com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) não escamosos avançados tratados a partir de janeiro de 2015 nos centros participantes. A data limite para o acompanhamento para esta análise foi 30 de junho de 2020. O objetivo foi avaliar as características do paciente do mundo real, padrões de tratamento e resultados clínicos no CPNPC avançado com mutação EGFR ex20ins.
Resultados:
Ao todo, 1549 (11,3%) pacientes com CPNPC não escamoso apresentavam mutação em EGFR, 61 (3,9%) sendo mut EGFR ex20ins. Esses 61 pacientes eram principalmente mulheres (68,9%), não fumantes (55,7%), com doença de novo estádio IIIB/IV (78,6%), ECOG 0-1 (76,9%) e mediana de idade de 68,0 anos.
O status PD-L1 foi avaliado em 34 (55,7%, n=20) indivíduos, especialmente antes da primeira linha, sendo que 22 (64,7%) tiveram resultado negativo. A maioria (63,9%) dos pacientes apresentou resultado positivo para EGFR ex20ins antes da exposição à primeira linha terapêutica. Quase todos os indivíduos (95,1%, n = 58) receberam terapia sistêmica (média de 3 linhas). No cenário de primeira linha, 74% dos pacientes receberam quimioterapia (principalmente combinação de quimioterapia), 13,7% foram expostos a TKI anti-EGFR (especialmente em monoterapia) e 8,6% foram tratados apenas com imunoterapia.
A duração média do tratamento àqueles tratados com carboplatina + pemetrexede (n = 19), cisplatina + pemetrexede (n = 16) e carboplatina + paclitaxel (n = 6) foram de 4,7; 7,4 e 3,3 meses, respectivamente. Para afatinibe (n = 3), erlotinibe (n = 2) e gefitinibe (n = 1), a mediana da duração de tratamento foi de 1,6; 1,8 e 2,3 meses, respectivamente.
Após um acompanhamento médio de 36,3 meses, a SG mediana na população EGFR ex20ins foi de 24,3 (IC 95%: 19,1-32,6) meses. As taxas de SG em 1 e 2 anos foram de 82,5% (IC 95%: 69,7-90,2) e 52,6% (IC 95%: 37,3-65,9), respectivamente.
Para pacientes com mutação EGFR 19del/L858R sem a mutação ex20ins (n = 1049) e àqueles com outras mutações EGFR (n = 439), a SG mediana foi de 35,4 (IC 95%: 32,6-37,5) e 41,7 (IC 95%: 31,9-53,5), respectivamente, em comparação a 20,7 (IC 95%: 20,0-21,8) meses para pacientes com EGFR tipo selvagem/não testado (n = 12188).
Segundo os autores, esta grande análise de mundo real, baseada em dados de prontuários médicos, confirma que EGFR ex20ins é uma doença rara, cuja prevalência é de 0,4% dos CPNPC não escamosos avançados. Os TKIs anti-EGFR disponíveis apresentam aparentemente baixa eficácia. O prognóstico para pacientes com CPNPC não escamoso com mutações EGFR ex20ins está em linha com o dos indivíduos com EGFR tipo selvagem/não testado; entretanto pior do que as mutações EGFR comuns, destacando a necessidade de avanços para esta população selecionada.
Referências:
Para saber mais sobre câncer de pulmão acesse: https://canceregfr.com
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