Neste vídeo, Dra. Marta Vaz Batista, médica oncologista do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca – Lisboa, Portugal, comenta sobre os resultados do estudo DEBBRAH, que foram apresentados durante o San Antonio Breast Cancer Symposium de 2022. Confira o conteúdo na íntegra!
Atualmente, o tratamento de trastuzumabe deruxtecana (T-Dxd) vem ganhando destaque dentro das pesquisas clínicas após demonstrar melhora de desfechos relacionados à sobrevida, no tratamento de pacientes com câncer de mama avançado HER2-low. Esse fármaco, trata-se de um anticorpo conjugado a uma droga, de tal forma que o trastuzumabe (anticorpo) reconhece a molécula HER2, ao passo que o deruxtecana, uma vez internalizado, causa danos ao DNA e consequente apoptose das células tumorais HER2+.
Esse cenário de eficácia do T-Dxd sustenta o estudo DEBBRAH, cujo objetivo é avaliar a eficácia e segurança desse fármaco no tratamento de pacientes com câncer de mama HER2+ e HER2-low com histórico de metástase cerebral ou carcinomatose leptomeníngea. O estudo DEBBRAH trata-se de um estudo clínico de fase 2, multicêntrico que apresentou no San Antonio Breast Cancer Symposium 2022 seus resultados referentes às coortes de HER2-low, a saber: Coorte 2 (n=6; HER2+ ou HER2-low com metástase cerebral assintomática e não tratada) e Coorte 4 (n=7; HER2-low com metástase cerebral progressiva após tratamento local). Esses pacientes receberam 5,4mg/kg de T-Dxd uma vez a cada 21 dias, até progressão, toxicidade ou retirada consensual do estudo.
Com mediana de follow-up de 9,5 meses (1,6-15,7), o estudo tem como endpoint primário para essas coortes a taxa de resposta global intracranial (ORR-IC), conforme critério RANO-BM. Na coorte 2, a ORR-IC foi de 66,7% (95% CI: 22,3–95,7), tendo 4 de 6 pacientes atingindo resposta parcial intracraniana. Na coorte 4, por sua vez, 2 de 6 pacientes atingiram resposta parcial intracraniana, de modo que se obteve uma ORR-IC de 33,3% (95% CI: 4,3–77,7; p = 0,033). Considerando ambas as coortes, a ORR-IC foi de 50% (95% CI: 21,1-78,9) e a taxa de benefício clínico de 66,7% (95% CI: 34,9-90,1). Adicionalmente, quando consideradas doenças intracraniais ou extracraniais, a taxa de resposta objetiva, taxa de benefício clínico e mediana de duração de resposta foram de 41,7% (95% CI: 15,2–72,3), 50,0% (95% CI: 21,1–78,9), e 7,2 meses (95% CI: 2,5-16,4), respectivamente. Por fim, com relação a eficácia, a mediana de sobrevida livre de progressão foi de 5,7 meses.
Tendo em vista, as avaliações de segurança desse tratamento, os eventos adversos relacionados ao tratamento mais frequentes foram fadiga e náusea, que não atingiram grande incidência em seus graus mais graves. Com relação aos outros quadros clínicos, foram relatados um caso de dor generalizada (G3) e outro caso de embolia venosa cursando com óbito (G5), mas que não foram associados ao tratamento. Mortes ocasionadas pelo T-Dxd não foram relatadas.
Ainda que em coortes numericamente reduzidas, os resultados preliminares desse estudo demonstram que T-Dxd possui atividade antitumoral em pacientes com câncer de mama HER2-low avançado e com metástase cerebral assintomática e não tratada ou que progrediram após tratamento local. A continuidade desse estudo e avaliação das demais coortes, podem trazer novos insights de conduta clínica para esses casos metastáticos em sistema nervoso central.
Referência¹:
1. Manuel Pérez-García J, Ruiz Borrego M, Cejalvo JM, Garrigós L, Servitja S, Blanch S, et al. Trastuzumab Deruxtecan in patients with Unstable Central Nervous System Involvement from HER2-Low Advanced Breast Cancer: The DEBBRAH Trial. 2022.
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