ICARIA-MM: análise de longo prazo das terapias subsequentes ao tratamento com Isatuximabe + Pomalidomida + Dexametasona - Oncologia Brasil

ICARIA-MM: análise de longo prazo das terapias subsequentes ao tratamento com Isatuximabe + Pomalidomida + Dexametasona

3 min. de leitura

A MDHealth e a Oncologia Brasil estão presencialmente em New Orleans, acompanhando o Congresso ASH 2022. As empresas trazem neste vídeo, Dr. Walter Braga, médico hematologista do Hospital Santa Catarina Paulista, para falar sobre os dados de longo prazo do estudo ICARIA-MM. 

Os dados demonstram que o tratamento do mieloma múltiplo refratário/recorrente demanda múltiplas linhas de terapias subsequentes. Ainda que ofereça melhor sobrevida global, o uso do triplet Isa-Pd torna terapias subsequentes em primeira linha à base de anti-CD38 menos eficientes. 

 

O mieloma múltiplo (MM) compreende uma neoplasia hematológica que ainda que tenha diversas opções terapêuticas aprovadas, segue sem possibilidades de cura. Consequentemente, quadros de recorrência ou refratariedade a linhas anteriores, são esperados e demandam novos tratamentos capazes de controlar o avanço da doença. A utilização de lenalidomida (inibe proliferação de células tumorais hematopoiéticas) e inibidores de proteassoma são os tipos de fármacos classicamente utilizados e cujos pacientes desenvolvem resistência. Mediante esse cenário, atualmente, tem-se aprovado a utilização de pomalidomida (P; inibidor do crescimento de células do mieloma) em combinação com baixas doses de dexametasona (d) em casos de MM refratário ou recorrente. 

O avanço e ampliação da utilização de anticorpos monoclonais, permitiu a ascensão do isatuximabe (Isa; anti-CD38) como possível fármaco com atividade antitumoral direcionado para células do mieloma, dada a alta especificidade ao CD38, altamente expresso por essas células. A possibilidade de sinergia entre isatuximabe e pomalidomida, com aumento de toxicidade direta e lise de células CD38+, sustentou as avaliações de eficácia e segurança do esquema terapêutico, isatuximabe+pomalidomida+dexametasona (Isa-Pd), no estudo clínico de fase III, ICARIA-MM1, que levou à aprovação desse regime em pacientes com MM refratário/recorrente e que receberam pelo menos duas linhas anteriores incluindo lenalidomida e inibidores de proteassoma. 

Recentemente, no 64º ASH Annual Meeting and Exposition2, foram apresentados os resultados de eficácia de longo prazo e caractrerização das terapias subsequentes. Randomizados 1:1 em Isa-Pd (n=154) e Pd (n=153), o isatuximabe foi administrado 10mg/kg semanalmente por 4 semanas e em seguida a cada 2 semanas. A pomalidomida, por sua vez, foi administrada 4mg por 21 dias associado à dexametasona 40mg semanalmente.  

Após mediana de seguimento de 52,4 meses e com corte de dados em 14 de março de 2022, 16 pacientes seguiam em tratamento Isa-Pd e apenas 3 em tratamento Pd, de modo que 65,6% e 76,5% dos respectivos grupos descontinuaram devido à progressão da doença, tendo Isa-Pd maior mediana de duração do tratamento (47,6 vs. 24 meses). Como avaliação de eficácia a longo prazo, considerando como 220 óbitos para cálculo da sobrevida global (OS) final, pacientes tratados com Isa-Pd demonstraram melhor benefício clínico que aqueles tratados com Pd (24,6 vs. 17,7 meses; HR: 0,776; 95% CI: 0,594–1,1015; one-sided p=0.0319; significance level: p=0.02). 

Tratamento antimieloma adicional foi administrado em 102 (66.2%) dos pacientes Isa-Pd e em 119 (77.8%) dos que receberam Pd. Dentre esses pacientes, 22,5% e 59,7%, respectivamente, receberam tratamento com daratumumabe (anti-CD38 indutor de citotoxicidade dependente de anticorpo). Dentre pacientes Isa-Pd, os tratamentos adicionais mais frequentes foram corticoesteroides (86,3%), agentes alquilantes (69,6%) e inibidores de proteassoma (68,6%), sendo esse último o mais utilizado em primeira linha subsequente. Já em pacientes que receberam Pd, a primeira linha subsequente mais frequente foi o uso de daratumumabe (43,7%).  

A taxa de resposta global (ORR) para a primeira linha subsequente foi de 28,8% (23/80) em Isa-Pd e 35,3% (30/85) em Pd, de modo que aqueles que receberam primeira linha à base de daratumumabe, tiveram ORR de 25% (2/8) e 40,5% (17/42), respectivamente. Por fim, a sobrevida livre de progressão (PFS) após primeira linha de tratamento adicional foi de 2,2 meses em Isa-Pd e de 5,7 meses em Pd, de modo que quando avaliado aquelas primeiras linhas à base de daratumumabe, a PFS foi de 4,6 e 5,2 meses, respectivamente. 

Os resultados de longo prazo apresentados demostram que o triplet Isa-Pd retorna bons benefícios clínicos aos pacientes. 

 

Referências:  

1. Attal M, Richardson PG, Rajkumar SV, San-Miguel J, Beksac M, Spicka I, et al. Isatuximab plus pomalidomide and low-dose dexamethasone versus pomalidomide and low-dose dexamethasone in patients with relapsed and refractory multiple myeloma (ICARIA-MM): a randomised, multicentre, open-label, phase 3 study. The Lancet. 2019 Dec 7;394(10214):2096–107.  

2. Richardson PG, Perrot A, San-Miguel J, Beksac M, Spicka I. 247 – Isatuximab Plus Pomalidomide/Low-Dose Dexamethasone Versus Pomalidomide/Low-Dose Dexamethasone in Patients with Relapsed/Refractory Multiple Myeloma (ICARIA-MM): Characterization of Subsequent Antimyeloma Therapies. 64th ASH Annual Meeting and Exposition. 2022. 

© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou tratamentos.

Veja mais informações em nosso Aviso Legal