IKEMA: atualizações referentes às análises de eficácia e segurança nos subgrupos do estudo - Oncologia Brasil

IKEMA: atualizações referentes às análises de eficácia e segurança nos subgrupos do estudo

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Neste vídeo, Dra. Juliana Souza Lima, hematologista da Oncoclínicas Curitiba e do serviço de transplante de medula óssea do Hospital Pilar em Curitiba, comenta sobre duas análises exploratórias do estudo IKEMA. 

Os dados demonstram uma manutenção de eficácia e segurança de isatuximabe + carfilzomibe + dexametasona em pacientes com mieloma múltiplo recidivado/refratário, independentemente do número de terapias anteriores ou recorrência precoce/tardia, o que suporta esse esquema como standard-of-care para estes pacientes. 

 

O Mieloma Múltiplo (MM) compreende o segundo tipo de neoplasia hematológico mais comum, decorrente do perfil maligno adquirido por plasmócitos terminalmente diferenciados. Embora muitas terapias estejam disponíveis, essa doença segue sem cura, tendo ainda, uma grande parcela dos pacientes que experienciam a recorrência da doença, demandando sucessivas linhas de terapia. Nesse cenário, o estudo IKEMA1 investiga o benefício do regime terapêutico com isatuximabe (anti-CD38) + carfilzomibe (inibidor de proteassoma) + dexametasona [Isa-Kd] comparativamente ao carfilzomibe + dexametasona [Kd] em pacientes com MM recorrentes e tratados previamente com uma a três linhas. 

Resultados referentes à análise interina de 2 anos do estudo de fase III IKEMA comprovaram a eficácia de Isa-Kd em aumentar a sobrevida livre de progressão (mPFS 35.7 [Isa-Kd] vs. 19.2 meses [Kd]; HR: 0,58; 95,4% CI: 0,42–0,79), além de oferecer benefícios clínicos como maior taxa de doença residual mínima negativa (MRD-; 33,5% vs. 15,4%) e resposta completa (CR; 44,1% vs. 28,5%). 302 pacientes com 1-3 linhas de tratamento anteriores foram incluídos no estudo, sendo 179 Isa-Kd e 123 Kd. No 64º ASH Annual Meeting and Exposition foram apresentados dois trabalhos focados nos resultados referentes aos subgrupos desse estudo: análises segregadas pelo número de terapias anteriores e recorrência precoce vs. tardia. 

Atualizando os resultados de eficácia e segurança com base no número de terapias recebidas anteriormente (1 vs. >1)2, 134 (44,4%; 79 Isa-Kd, 55 Kd) pacientes receberam uma única linha e 168 (55,6%; 100 Isa-Kd, 68 Kd) receberam mais de uma linha de tratamento anteriores. A mediana de follow-up foi de 44 meses e, consistente com os resultados do desfecho primário, a PFS foi maior em ambos os grupos quando tratados com Isa-Kd, bem como MRD- e CR:

 

  • 1 linha 

mPFS: 38,24 [Isa-Kd] vs. 28,19 [Kd] meses; HR: 0.723; 95,4% CI: 0,442–1,184; p= 0,0983 

MRD-: 39,2% vs. 21,8% 

CR: 48,1% vs. 38,2% 

MRD- e CR: 32,9% vs. 16,4% 

 

  • >1 linha 

mPFS: 29,21 [Isa-Kd] vs. 16,99 [Kd] meses; HR: 0.452; 95,4% CI: 0,298–0,686; p< 0,0001 

MRD-: 29,0% vs. 10,3% 

CR: 41,0% vs. 20,6% 

MRD- e CR: 21,0% vs. 8,8% 

 

Outra avaliação realizada pelo grupo do estudo IKEMA, foi a avaliação entre pacientes que apresentaram recorrência precoce (n =107; 61/179 [34,1%] Isa-Kd, 46/123 [37,4%] Kd) e recorrência tardia (n = 176; 104 [58,1%] Isa-Kd, 72 [58,5%] Kd)3 à última terapia recebida. Na data de cut-off do estudo, a mediana de PFS foi maior em pacientes tratados com Isa-Kd em ambos os grupos, além de melhores taxas de resposta parcial ou superior, MRD- e MRD- e CR. 

 

  •  Recorrência Precoce 

mPFS: 24,7 [Isa-Kd] vs. 17,2 [Kd] meses; HR: 0.662; 95,4% CI: 0,404–1,087 

Resposta parcial ou superior: 67.2% vs. 52.2% 

MRD-: 24.6% vs. 15.2% 

MRD- e CR: 18.0% vs. 10.9% 

 

  • Recorrência Tardia 

mPFS: 42,7 [Isa-Kd] vs. 21,9 [Kd] meses; HR: 0.542; 95,4% CI: 0,353–0,833 

Resposta parcial ou superior: 76.0% vs. 58.3% 

MRD-: 37.5% vs. 16.7% 

MRD- e CR: 30.8% vs. 13.9% 

 

Com relação à segurança, independente da análise de subgrupo, os perfis foram manejáveis e esperados, sendo as toxicidades graus 3 ou superior similares em ambos os tratamentos e subgrupos, à exceção de pacientes tiveram recorrência tardia e tratados com Isa-Kd, os quais tiveram maior incidência desses eventos adversos graves. 

Os updates do estudo IKEMA não só suportam a eficácia do regime isatuximabe + carfilzomibe + dexametasona, capaz de aumentar a PFS e a profundidade da resposta ao tratamento de pacientes com MM recorrente/refratários, mas também sustentam esse como possível standard-of-care independentemente do número de terapias anteriores ou recorrência precoce/tardia. 

 

Referências:  

1. Moreau P, Dimopoulos MA, Mikhael J, Yong K, Capra M, Facon T, et al. Isatuximab, carfilzomib, and dexamethasone in relapsed multiple myeloma (IKEMA): a multicentre, open-label, randomised phase 3 trial. The Lancet. 2021 Jun 19;397(10292):2361–71.  

2. Capra M, Martin T, Moreau P. 3176 Isatuximab Plus Carfilzomib and Dexamethasone in Relapsed Multiple Myeloma: Ikema Subgroup Analysis By Number of Prior Lines of Treatment. 64th ASH Annual Meeting and Exposition. 2022;  

3. Facon T, Moreau P, Baker R. 753 Isatuximab Plus Carfilzomib and Dexamethasone in Patients with Early Versus Late Relapsed Multiple Myeloma: Ikema Subgroup Analysis. 64th ASH Annual Meeting and Exposition. 2022.

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