Abemaciclibe: eficácia no tratamento de câncer de mama inicial de alto risco e avançado HR+/HER2- Oncologia Brasil

Abemaciclibe: eficácia no tratamento de câncer de mama inicial de alto risco e avançado HR+/HER2-

4 min. de leitura

Neste vídeo, Dr. Masakazu Toi, professor de Medicina na Kyoto University – Japão, comenta sobre os dados atualizados dos estudos clínicos monarchE e MONARCH 2. 

Os dados dos dois estudos sustentam a consistência da eficácia de abemaciclibe tanto em regime adjuvante para redução do risco de recorrência e metástase, no cenário do câncer de mama inicial de alto risco, quanto em tratamento de quadros avançados de câncer de mama HR+/HER2-. 

 

O estudo monarchE 1 avaliou pacientes com câncer de mama inicial HR+/HER2- com alto risco de recorrência (≥4 linfonodos axilares positivos ou 1 a 3 linfonodos axilares positivos e doença grau 3 ou tumor ≥5 cm, e um subgrupo com 1-3 linfonodos axilares e Ki-67 ≥20%). Os pacientes foram randomizados 1:1 entre aqueles em tratamento com terapia endócrina (TE) por até 10 anos +/- abemaciclibe por 2 anos. Resultados anteriores desse estudo demonstraram benefício clínico e significativo refletido na sobrevida livre de doença invasiva [IDFS] (IDFS em 2 anos 92,2% (abemaciclibe) vs. 88,7% (TE isolada); HR: 0,75; 95% CI: 0,60-0,93; p = 0,01) e sobrevida livre de recorrência à distância [DRFS] (93.6% abemaciclibe vs. 90.3% TE isolada; HR: 0,72; 95% CI: 0,56-0,92; p = 0,01). 

No San Antonio Breast Cancer Symposium 2022, Stephen Johnston e colaboradores expuseram os resultados das análises interinas de sobrevida global [OS] e os demais desfechos do estudo após 4 anos2. Com mediana de follow-up de 42 meses, todos os pacientes já não estão mais em uso de abemaciclibe. Os resultados atualizados de IDFS (HR: 0,664; 95% CI: 0,578-0,762) e DRFS (HR: 0,659; 95% CI: 0,567, 0,767) confirmam o benefício clínico reportado anteriormente, com curvas que continuam se distanciando após 4 anos de tratamento, ou seja, o benefício clinicamente significativo se mantém além do período do tratamento em si, proporcionando 33,6% de redução de risco de desenvolvimento de doença invasiva e 34,1% de redução de risco de recorrência à distância. 

 Ainda que os dados de OS permaneçam imaturos, foram reportados menos óbitos na coorte tratada com abemaciclibe + TE quando comparado à terapia endócrina isolada (5,6% vs. 6,1%; HR: 0,929; 95% CI: 0,748, 1,153; p = 0,503). Assim, os pesquisadores acreditam que os benefícios obtidos em IDFS e DRFS estejam relacionados com uma OS favorável, sendo necessário uma análise de OS com maior tempo de follow-up para que essa relação seja realmente comprovada. 

O estudo MONARCH 23, o qual utiliza a combinação de abemaciclibe (150mg/dia) + fulvestranto em pacientes com câncer de mama avançado HR+/HER2- com progressão após terapia endócrina, demonstrou alto benefício clínico no que diz respeito tanto à sobrevida livre de progressão [PFS] (HR: 0,553; 95% CI: 0,449-0,681; p < 0,001) quanto OS (HR: 0,757; 95% CI: 0,606-0,945; p = 0,01), além de um bom perfil de segurança. No San Antonio Breast Cancer Symposium 2022, portanto, foram apresentados os resultados finais das análises de OS4. 

Ao incluir 669 pacientes com câncer de mama HR+ HER2- avançado, randomizados 1:2. Diante mediana de follow-up de 80 meses, 11% dos pacientes seguem recebendo tratamento com abemaciclibe, enquanto apenas 2% do grupo recebendo apenas fulvestranto seguem em terapia. A mediana de OS no braço tratado com o CDK4/6i foi de 45,8 meses vs. 37,2 meses no braço placebo (HR: 0,784; 95% IC: 0,644-0,955). Cabe destacar aqui a consistência do parâmetro de OS entre os subgrupos analisados, inclusive naqueles pacientes com pior prognóstico. Outro benefício observado foi o adiamento do início da quimioterapia, com diferença substancial nas taxas anuais de sobrevida livre de quimioterapia. Além disso, demonstrou à um perfil de segurança igualmente consistente e sem novas/inesperadas toxicidades, cujos eventos adversos cessam após o término do período do tratamento. 

Em suma, o uso de abemaciclibe, coloca esse fármaco em foco para tratamento tanto de câncer de mama avançado HR+/HER2- que progrediu após terapia endócrina, quanto como forma de prevenção de recorrência e metástase em pacientes com câncer de mama inicial de alto risco HR+/HER2-. 

 

Referências:  

1. D Johnston SR, Harbeck N, Hegg R, Toi M, Martin M, Min Shao Z, et al. Abemaciclib Combined With Endocrine Therapy for the Adjuvant Treatment of HR1, HER22, Node-Positive, High-Risk, Early Breast Cancer (monarchE). J Clin Oncol [Internet]. 2020;38:3987–98.  

3. Johnston S, et al. GS1-09 Abemaciclib plus endocrine therapy for HR+, HER2-, node-positive, high-risk early breast cancer: results from a pre-planned monarchE overall survival interim analysis, including 4-year efficacy outcomes. SABCS 2022.  

2. Sledge GW, Toi M, Neven P, Sohn J, Inoue K, Pivot X, et al. The Effect of Abemaciclib Plus Fulvestrant on Overall Survival in Hormone Receptor-Positive, ERBB2-Negative Breast Cancer That Progressed on Endocrine Therapy – MONARCH 2: A Randomized Clinical Trial. JAMA Oncol. 2020 Jan 1;6(1):116–24.  

4. Llombart-Cussac A, et al. PD13-11 Final Overall Survival Analysis of Monarch 2 : A Phase 3 trial of Abemaciclib Plus Fulvestrant in Patients with Hormone Receptor-Positive, HER2-Negative Advanced Breast Cancer. SABCS 2022.  

© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou tratamentos.

Veja mais informações em nosso Aviso Legal