Impacto da ocorrência de neutropenia febril em pacientes com câncer - Oncologia Brasil

Impacto da ocorrência de neutropenia febril em pacientes com câncer

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Neste vídeo, Dr. Breno Gusmão, hematologista na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e Membro do Comitê Científico da MDHealth, comenta sobre um estudo que realizou análise de banco de dados de pacientes internados por neutropenia febril. O trabalho avaliou o impacto dessas internações para os desfechos dos pacientes e para o sistema de saúde 

 

A neutropenia febril é uma complicação grave e comum que pode surgir em pacientes diagnosticados com câncer hematopoiético ou em tratamento com quimioterapia. Pacientes com esse estado imunocomprometido correm maior risco de contrair uma infecção com risco de vida.  Neste sentido, este estudo apresentado durante o The 64th Annual Meeting of the American Society of Hematology (ASH) de 2022 avaliou a prevalência e subsequentes resultados clínicos de neutropenia febril em pacientes hospitalizados com diagnóstico de câncer, a partir da análise do banco de dados da Amostra Nacional de Pacientes Internados (NIS) de 2019. As hospitalizações por neutropenia febril (F&N) como principal motivo de internação (diagnóstico principal) foram identificadas usando a codificação ICD-10 da NIS de 2019. 

Em 2019, 118.965 internações tiveram F&N como um dos diagnósticos elencados, de acordo com o banco de dados da NIS. Destes, 27.735 (23,3%) tiveram neutropenia febril codificada como diagnóstico primário de internação. 88,1% dessas internações com diagnóstico primário de neutropenia apresentaram simultaneamente um co-diagnóstico de câncer (n = 24.444) e foram incluídos na análise final. Destes, 24,5% (n = 5.995/24.444) foram internações pediátricas (<18 anos). A maioria dos pacientes com câncer e neutropenia febril (57,2%) foi classificada como gravidade moderada quando medida pelo índice de gravidade APR-DRG (Patient Refined Diagnostic Related Groups). 

De todos os tipos de neoplasias, aqueles com malignidades hematológicas tiveram a maior incidência (59,4%), seguido por malignidades secundárias (16,3%), câncer de mama (7,8%), câncer de ossos e tecidos moles (6,6%) e câncer gastrointestinal (5,0 %). Entre as neoplasias hematológicas, a distribuição foi a seguinte: 25,2% linfoma não Hodgkin (LNH), 24,4% leucemia mieloblástica aguda (LMA), 24,1% leucemia linfoblástica aguda (LLA), 11,3% síndrome mielodisplásica (SMD) e 7,2% mieloma múltiplo (MM). Entre os pacientes pediátricos com F&N, a LLA foi a neoplasia maligna mais comum (44,0%), seguida pelos tumores de ossos e partes moles (16,7%). 

De todas as internações com diagnóstico primário de F&N, 24% receberam pelo menos um tipo de transfusão de sangue (glóbulos vermelhos (hemácias), plaquetas ou plasma): 21,7% receberam transfusões de hemácias, 12,5% de plaquetas e 0,3% receberam plasma durante a hospitalização. A mediana geral das despesas hospitalares de uma internação relacionada à F&N foi de US$ 55.812. 

Houve 1% de mortalidade por todas as causas nessas hospitalizações, o que provavelmente representou aqueles com gravidade significativamente maior da doença, maior tempo de internação e despesas hospitalares mais altas. Hospitalizações que resultaram em óbitos tiveram 4 vezes mais despesas hospitalares em comparação com aqueles que não morreram durante a internação ($ 230.601 vs. $ 53.963, respectivamente; p<0,001). 

No vídeo, Dr. Breno comenta sobre este importante estudo que demonstra que a neutropenia febril representa uma carga significativa de saúde em internações pediátricas e adultas com câncer. O especialista ressalta a necessidade da utilização de terapias de suporte para prevenção da neutropenia febril, e consequentemente, atuar para diminuição do impacto que a sua ocorrência representa. Confira o conteúdo completo! 

 

Referência: 

Nizar Jacques Bahlis et al., 2259 Inpatient Burden and Clinical Outcomes of Febrile Neutropenia in Cancer Patients: A National Inpatient Sample Database Analysis. ASH 2022. 

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