Na sala de imprensa do Congresso da Associação Americana de Pesquisa em Câncer (AACR), em Chicago, os avanços no uso da biópsia líquida, têm dominado as conversas entre jornalistas e profissionais da área de comunicação de aproximadamente 20 países. A Oncologia Brasil é a única mídia brasileira presente.
O tema é título de um grande número de trabalhos que estão sendo apresentados desde ontem. A biópsia líquida foi introduzida como um novo conceito diagnóstico, há cerca de oito anos, para a análise de células tumorais circulantes (CTCs) e, agora, estendida para material (em particular DNA) liberado por células tumorais no sangue periférico de pacientes com câncer.
Na última década, vários métodos foram desenvolvidos para detectar CTCs e ctDNA no sangue periférico de pacientes com câncer. Embora informações confiáveis possam ser facilmente obtidas em pacientes com doença avançada, pacientes com câncer em estágio inicial geralmente apresentam concentrações muito baixas de CTCs e ctDNA. Actualmente, a maioria dos ensaios de CTC baseiam-se em marcadores epiteliais e a maioria dos CTCs detectados são células isoladas, segundo avaliação feita hoje durante entrevista pelo Dr. Klaus Pantel da Universidade de Hamburgo, Alemanha.
A relevância clínica de CTCs mesenquimais sem quaisquer marcadores epiteliais, bem como clusters CTC ainda está sob investigação. Embora a maioria dos estudos publicados tenham sido realizados em pacientes com carcinomas e melanomas, CTCs também foram detectados no sangue periférico de pacientes com tumores cerebrais primários (glioblastomas), apesar da barreira hematoencefálica.
Pantel, disse que apesar do progresso notável, a detecção baseada em biópsia líquida dos estágios iniciais do câncer continua a ser um desafio, em particular no câncer de mama.
Em busca da luz no túnel
Além de CTCs e ctDNA, a análise de microRNAs circulantes, exossomos ou plaquetas educadas por tumor pode fornecer informações complementares, facilitando a determinação do padrão de expressão do RNA, entre outros benefícios, segundo Pantel.
O pesquisador destacou que também foram desenvolvidos métodos sensíveis para capturar células tumorais disseminadas (DTCs) na medula óssea em pacientes que fornecem novos insights sobre o processo de “dormência do câncer”.
Para ele, a natureza das células do câncer de mama dormentes e os mecanismos que levam às suas consequências, são mal compreendidos. Esforços para desvendar a natureza da dormência do câncer foram prejudicados pela falta de métodos sensíveis para detectar essas células.
O desenvolvimento de novas terapias destinadas a matar células tumorais residuais adormecidas, ou mantê-las em um estado de repouso, representa uma abordagem altamente atraente para prevenir a recorrência tardia. Tal abordagem, no entanto, exigiria um entendimento muito mais detalhado da dormência e recorrência do tumor do que existe hoje, bem como biomarcadores para permitir o monitoramento desse processo e prever recorrência. A análise dos CDTs leva à descoberta de novas moléculas, relevantes para a biologia das metástases, comentou.
Pantel avaliou que a análise por biópsia líquida pode ser usada para obter novos insights sobre a biologia das metástases, e como diagnósticos associados para melhorar a estratificação das terapias e obter insights sobre a seleção de células cancerosas induzidas pela terapia. Diferentes abordagens, como CTC ou análise de ctDNA, fornecerão informações complementares.
Ao concluir, lembrou que as validações técnica e clínica de ensaios são muito importantes e podem ser alcançadas em consórcios internacionais, como a rede européia IMI Cancer-ID. Acesse mais informações aqui.
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