A MDHealth e a Oncologia Brasil estão presencialmente em San Antonio, e trazem neste vídeo, Dra. Mafalda Oliveira, médica oncologista no Hospital Vall d’Hebron, para falar sobre os dados da análise primária do estudo clínico de fase III, CAPItello-291.
Os dados deste estudo mostraram que a adição do capivasertibe, um inibidor de AKT, ao fulvestranto dobrou a sobrevida livre de progressão mediana em pacientes com câncer de mama avançado/metastático HR+/HER2- resistentes a inibidores de aromatase. Vale a pena conferir o conteúdo completo!
Atualmente, pacientes com câncer de mama avançado/metastático (CMA) com receptor hormonal (HR) positivos e receptor do fator de crescimento 2 (HER2) negativo são comumente tratados em primeira linha com terapia endócrina, como um inibidor de aromatase (IA), juntamente com um inibidor de CDK4/6. Eventualmente, no entanto, a maioria dos tumores desenvolve resistência a essas terapias e as opções para tratamento adicional são limitadas. A resistência ao típico tratamento de primeira linha se deve, principalmente, pela ativação da via AKT. No estudo de fase II FAKTION controlado por placebo (PBO), foi visto que a adição do inibidor pan-AKT capivasertibe ao fulvestranto melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão (SLP) e a sobrevida global (SG) em mulheres na pós-menopausa com CMA HR+/HER2– resistente ao IA. Nessa linha de tratamento, está em andamento o estudo CAPItello-291 randomizado, duplo-cego e controlado por PBO de fase III (NCT04305496), que tem como objetivo investigar a eficácia e a segurança de capivasertibe + fulvestranto em pacientes com CMA HR+/HER2– resistentes a IA.
Durante o San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS) de 2022 foram apresentados os dados da análise primária do CAPItello-291. O estudo conta com a participação de 708 mulheres pré/peri ou pós-menopausa ou homens elegíveis com CMA HR+/HER2– que recorreram ou progrediram durante ou após a terapia com IA com ou sem um inibidor de CDK4/6. Os pacientes foram randomizados 1:1 para receber fulvestranto com PBO (n = 353) ou capivasertibe (n = 355). A randomização foi estratificada pela presença de metástases hepáticas, uso prévio de inibidores de CDK4/6 e localização geográfica. O estado de alteração da via AKT (pelo menos uma alteração PIK3CA, AKT1 ou PTEN qualificadora) foi determinado usando sequenciamento de próxima geração em tecido tumoral. O desfecho primário duplo foi a SLP avaliada pelo investigador na população geral e em pacientes com tumores alterados pela via AKT.
Os resultados mostraram que no geral, 41% dos pacientes tinham tumores com alteração da via AKT (48% [n=289/602] dos pacientes com resultados de sequenciamento tumoral), 22% eram pré/perimenopausa e 77% pós-menopausa, com 1% do sexo masculino. A terapia anterior para doença avançada incluiu: 87% dos pacientes com ≥1 linha de tratamento anterior, 69% com um inibidor de CDK4/6 anterior e 18% com quimioterapia anterior. As características demográficas e de linha de base foram amplamente equilibradas entre as populações geral e alterada e por grupos de tratamento.
Na análise primária (corte de dados em 15 de agosto de 2022), 551 e 236 eventos de SLP ocorreram nas populações geral e de via alterada, respectivamente. No geral, a SLP mediana foi de 7,2 meses com capivasertibe + fulvestranto e de 3,6 meses com PBO + fulvestranto (razão de risco [HR] 0,60; IC95% 0,51 – 0,71; p<0,001). Em pacientes com tumores alterados pela via AKT, a SLP mediana foi de 7,3 meses com capivasertibe + fulvestranto e 3,1 meses com PBO + fulvestranto (HR 0,50; IC95% 0,38–0,65; p<0,001). A taxa de resposta objetiva em pacientes com doença mensurável foi de 22,9% para capivasertibe + fulvestranto vs 12,2% para PBO + fulvestranto na população geral, e 28,8% vs 9,7% na população com via AKT alterada.
Os eventos adversos (EAs) de todos os graus mais frequentes com capivasertibe + fulvestranto foram diarreia (72,4% vs 20,0% braço PBO + fulvestranto), erupção cutânea (38,0% vs 7,1%) e náuseas (34,6% vs 15,4%). Os EAs de grau ≥3 relatados com mais frequência foram erupção cutânea (termo do grupo; 12,1% vs 0,3%), diarreia (9,3% vs 0,3%) e hiperglicemia (2,3% vs 0,3%); estomatite de grau ≥3 foi de 2,0% vs 0%. Eventos adversos que levaram à descontinuação de capivasertibe/placebo foram relatados em 13,0% e 2,3% dos pacientes, respectivamente.
Os autores concluíram ressaltando que a combinação capivasertibe + fulvestranto melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão em comparação com fulvestranto isolado na população geral e em pacientes com tumores alterados da via AKT, e pode se tornar uma opção futura de tratamento nesse cenário. O perfil de segurança de capivasertibe + fulvestranto foi geralmente manejável e consistente com dados anteriores.
Referência:
ABSTRACT GS3-04 – Nicholas Turner et al., Capivasertib and fulvestrant for patients with aromatase inhibitor-resistant hormone receptor-positive/human epidermal growth factor receptor 2-negative advanced breast cancer: results from the Phase III CAPItello-291 trial. 2022. The San Antonio Breast Cancer Symposium – SABCS 2022.
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Luis Natel
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Tainah Matos
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.