Estudo clínico de fase II apresenta resultados promissores para o tratamento perioperatório de pacientes com câncer gástrico e de junção gastro-ensofágico localmente avançado utilizando a combinação do imunoterápico toripalimabe (anti-PD-1) e quimioterapia
O uso de imunoterapias utilizando inibidores de checkpoints imunológicos (ICIs) revolucionou o campo da imuno-oncologia nos últimos anos ao promover regressão e cura de cânceres avançados, previamente não tratáveis. Entretanto, para diversos tipos tumorais, incluindo o câncer gástrico, a eficácia dessa modalidade terapêutica demonstrou-se limitada, e seu uso é restrito a um pequeno grupo de pacientes que apresentam biomarcadores preditores de resposta, como instabilidade genômica. Assim, a busca estratégias que sejam capazes de potencializar a resposta a ICIs em tumores que classicamente não respondem bem a essas terapias tem atraído grande interesse da comunidade médica.
Dentre essas, a cobinação de ICIs com quimioterapias citotóxicas apresenta-se como uma alternativa potencial, demonstrando-se praticável e eficaz. Tal estratégia se baseia no uso da quimioterpia como um potencializador da resposta inflamatória antitumoral, já que a morte de células tumorais que essa provoca é frequentemente acompanhada pela liberação de moléculas pró-inflamatórias e antígenos tumorais, que promovem uma resposta imune anti-tumoral mais eficiente passível de ser potencializada pelo uso de ICIs.
Embora tal abordagem tenha demonstrado eficácia para o tratamento cânceres gástricos e de junção gastro-esofágica metastáticos, seus efeitos ainda não haviam sido investigados para o tratamento de tumores localmente avançados. Assim, o estudo de Yuan e colaboradores apresentado no congresso anual da ASCO de 2023® preencher essa lacuna no conhecimento e avaliar o potencial do anticorpo monoclonal toripalimab (anti-PD-1) em associação à quimioterapia para o tratamento perioperatório desses tumores.
O estudo clínico de fase II open-label, ainda em andamento, avaliou 108 pacientes com câncer gástrico ou de junção gastro-esofágica localmente avançados (estadiamento clínico T3-4a N+ M0) que foram randomizados em dois grupos com 54 pacientes cada. O primeiro (I) recebeu apenas quimioterapia [XELOX: oxaliplatina 130mg/m2 intravenosa (IV) uma vez (d1) a cada 3 semanas (q3w) e capecitabina 1000mg/m2, duas vezes ao dia (BID) por 14 dias (d1-14) a cada três semanas (q3w); ou SOX: oxaliplatina 130mg/m2 IV d1 q3w e S-1 40-60mg BID d1-14 q3w]. Já o segundo grupo (II), recebeu quimioterapia (nos mesmos regimes) associada a toripalimabe (BID, d1-14, q3w), seguida de monoterapia com toripalimabe por 6 meses. Os tratamentos foram administrados em 3 ciclos pré-cirurgia de ressecção tumoral (neoadjuvância) e em 5 ciclos pós-cirurgia (adjuvância).
A associação de toripalimabe e quimioterapia promoveu uma regressão patológica tumoral completa ou moderada em 44,4% (24/54) dos pacientes, sendo a taxa de resposta patológica completa (pCR) entre esses pacientes de 24,1% (13/54). Esses valores foram significativamente maiores em relação àqueles observados no grupo tratado apenas quimioterapia, no qual a taxa de regressão moderada ou completa e a taxa de pCR foram 20,4% (11/54) e 9,3% (5/54), respectivamente. As taxas de downstaging também foram maiores no grupo que recebeu a combinação de ICI e quimioterapia. Não houve diferença significativa na proporção de pacientes que completaram os ciclos pré- ou pós-cirúrgicos, nas taxas de morbidade ou mortalidade pós-cirúrgica bem como na incidência de eventos adversos de grau 3 ou 4.
Dessa forma, os resultados demonstram que o uso da combinação de toripalimabe (anti PD-1) e quimioterapia proporciona uma regressão patológica significativa e se apresenta como uma opção promissora para pacientes com câncer gástrico e de junção gastroesofágica localmente avançados.
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