Os antimicrobianos têm sido cada vez mais utilizados. No entanto, as implicações desse uso disseminado podem não ser apenas restritas à resistência bacteriana. Um estudo publicado recentemente na revista Gut avaliou o papel dos antimicrobianos no risco de câncer colorretal.
O estudo caso-controle avaliou uma grande população de pacientes com diagnóstico de câncer colorretal, 28.980, e a comparou com 137.077 pacientes controle, com dados do Clinical Practice Research Datalink, do Reino Unido. Foram excluídos pacientes com diagnósticos de síndromes genéticas de predisposição ao câncer ou com outros fatores confundidores para aumento de risco de carcinogênese.
O uso de antibioticoterapia oral foi associado com aumento do risco dose-dependente para câncer de cólon (ptrend<0,001), maior em cólon proximal. Este risco foi demonstrado mesmo após uso durante curto prazo, especialmente com antibióticos com cobertura para anaeróbios. As penicilinas também foram uma classe associada com o aumento do risco de câncer de cólon.
O oposto foi observado para tumores de reto – houve uma relação inversa entre o uso de antibioticoterapia e o risco de câncer retal (ptrend<0,003), principalmente em pacientes com uso prolongado de antibióticos (maior que 60 dias). As tetraciclinas são uma das classes que parecem ter este efeito protetor.
Essa associação entre o uso de antibioticoterapia e câncer colorretal foi verificada em pacientes que receberam antibióticos mais de 10 anos antes da detecção destes tumores. Estes dados necessitam de confirmação através de mais estudos clínicos e translacionais, porém alertam para o uso indiscriminado de antibióticos. Você pode conferir a publicação completa aqui.
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