Ainda que promissor, até o momento o esquema terapêutico com adição do anti-PD-L1 não apresenta grandes vantagens com relação à sobrevida quando comparado ao tratamento padrão para câncer de ovário avançado recorrente e sensível à platina
O tratamento do câncer de ovário avançado recorrente e sensível à platina, atualmente, é pautado, sobretudo na utilização do bevacizumabe (anti-VEGF) associado à quimioterapia à base de platina. Sendo o câncer de ovário sabidamente imunossuprimido dada à expressão de moléculas inibitórias, os bloqueadores de checkpoints despontam como abordagem interessante na terapêutica desse tumor.
O estudo ATALANTE trata-se, portanto de um estudo clínico de fase III randomizado 2:1 que avalia a utilização de atezolizumabe (anti-PD-L1) + bevacizumabe + quimioterapia em pacientes com câncer de ovário avançado recorrente sensível à platina. Os desfechos co-primários foram sobrevida livre de progressão no grupo com intenção de tratar (ITT) e naqueles PD-L1 positivo (PD-L1+). Parâmetros de segurança também foram relatados.
A mediana de seguimento do estudo foi de 36 meses, onde foram incluídos 614 pacientes, randomizados em 410 que receberam atezolizumabe e 204 que receberam placebo, ambos em combinação com bevacizumabe e quimioterapia, de modo que as características dos pacientes fossem balanceadas. A mediana de sobrevida livre de progressão no braço ITT foi de 13,5 meses vs. 11,2 do grupo placebo (hazard ratio [HR] = 0,83; 95% CI: 0,69-0,99; p= 0,041) e de 15,2 meses no grupo PD-L1+ vs. 13,1 (HR = 0,86; 95% CI: 0,63-1,16; p=0,30). A mediana de sobrevida global em ITT foi de 35,4 meses vs. 30,6 entre grupo tratado com anti-PD-L1 e placebo (HR = 0,81; 95% CI: 0,65-1,01), respectivamente.
Com relação à segurança da combinação terapêutica, eventos adversos G3 ou superior e eventos adversos imunomediados não demonstraram grandes diferenças entre os tratamentos, a saber: 88% vs. 86% e 13% vs. 8%, respectivamente. 5 casos de óbitos decorrentes do tratamento foram relatados, 3 no tratamento com atezolizumabe e 2 no placebo.
Em conclusão, ainda que promissor, não foram atingidos os desfechos co-primários do estudo, dado os valores de p obtidos nos testes de hazard ratio. Portanto, não foram notadas grandes diferenças entre as propostas terapêuticas levando à discussão da necessidade de análises de sobrevida global a longo prazo e avaliação de biópsias para compreensão do microambiente imune dessa coorte, de modo a determinar a real contribuição da adição do atezolizumabe ao tratamento padrão.
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