Atualizações do estudo ARASENS: darolutamida + ADT e docetaxel para pacientes com CPHSm - Oncologia Brasil

Atualizações do estudo ARASENS: darolutamida + ADT e docetaxel para pacientes com CPHSm

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Neste vídeo, Dra. Andrea Juliana, oncologista clínica e coordenadora médica do Departamento de Pesquisa Clínica da Liga Norte Riograndense Contra o Câncer, e uma das investigadoras do estudo clínico de fase III, ARASENS, discute sobre os dados de atualização do estudo, apresentados na Reunião Anual da ASCO® de 2022

O estudo ARASENS foi apresentado em sessão Plenária da Reunião Anual da ASCO GU de 2022, e publicado concomitantemente no The New England Journal of Medicine. Este estudo randomizou (1:1) 1.306 pacientes com câncer de próstata hormônio-sensível metastático (CPHSm), em dois braços. Os pacientes receberam DARO ou PBO combinados com ADT e docetaxel.

Na publicação deste estudo, foi demonstrada a eficácia da darolutamida (DARO) em combinação com a terapia de privação androgênica (ADT) e docetaxel, que foi medida a partir do desfecho primário do estudo, a sobrevida global, atingida de forma favorável para o braço de pacientes tratado com DARO, apresentando uma redução  significativa do risco de morte de 32,5% (razão de risco [HR] 0,675; IC 95% 0,568–0,801; P < 0,0001). Além disso, os desfechos secundários do estudo também foram atingidos de forma favorável para os pacientes que receberam a intensificação do tratamento com darolutamida. Na Reunião Anual da ASCO de 2022 foi apresentada a associação entre a resposta do PSA e sobrevida global do estudo clínico ARASENS.

Para isso, o PSA foi medido na triagem e a cada 12 semanas. As análises exploratórias incluíram o tempo até a progressão do PSA (aumento ≥25% do nadir [ponto mais baixo do PSA ou na entrada do estudo] e aumento do PSA ≥2 ng/mL ≥12 semanas a partir do nadir [ambos confirmados por um segundo valor ≥3 semanas depois]) e PSA indetectável (< 0,2 ng/mL para 2 amostras ≥3 semanas de intervalo) em 24, 36 e 52 semanas e a qualquer momento durante o tratamento.

Nesta análise, dos 1.306 pacientes randomizados, 1.305 foram incluídos no conjunto de análise completa (DARO 651; PBO 654). A mediana de PSA no início do estudo  foi de 30,3 (0,0–9219,0)  e 24,2 (0,0–11.947,0) ng/mL, respectivamente. DARO prolongou significativamente o tempo de progressão do PSA (HR 0,255; IC 95% 0,208–0,313; P < 0,0001). PSA indetectável foi alcançado em mais pacientes recebendo DARO (48,7%) vs. PBO (23,9%) em 24 semanas, e a taxa continuou a aumentar em 36 e 52 semanas no grupo DARO para 57,1% e 60,2%, respectivamente, em comparação com uma alteração mínima no grupo PBO (25,1% e 26,1%). Níveis indetectáveis ​​de PSA a qualquer momento foram alcançados em 67,3% no grupo DARO e 28,6% no grupo PBO.

Para a população geral, houve melhor benefício de sobrevida global para os pacientes que atingiram níveis indetectáveis ​​de PSA em comparação com aqueles que não atingiram em 24 semanas (HR 0,398; IC 95% 0,321–0,493) e 36 semanas (HR 0,351; IC 95% 0,284–0,434). Nenhum evento novo de segurança foi relatado.

Entre os pacientes tratados com darolutamida, a obtenção de PSA indetectável em 24 e 36 semanas foi associada à melhora da SG; as reduções do risco de morte foram de 53% e 63%, respectivamente, por regressão de Cox estratificada. As taxas de 4 anos foram de 72,2% vs. 51,7%. Para a análise de 36 semanas, as taxas de SG de 3 anos foram de 79,2% para pacientes que atingiram PSA indetectável versus 47,3% para aqueles que não alcançaram. As taxas de 4 anos não foram estimáveis para nenhum dos grupos.

Sendo assim, o estudo conclui que a combinação de DARO + ADT e docetaxel prolongou significativamente o tempo para progressão do PSA e mais pacientes recebendo DARO vs. PBO alcançaram níveis indetectáveis de PSA, refletindo uma forte resposta de PSA ao longo do tempo.

Segundo Dra. Andrea, a mensagem principal deste estudo é que a resposta de PSA pode ser considerada um biomarcador correlacionado com os dados de sobrevida global. A especialista ainda acrescenta que, para esta população do estudo ARASENS, a detecção de PSA pode ser uma grande aliada na prática clínica quando a terapia com DARO + ADT e docetaxel é escolhida para os pacientes.

Assista o vídeo e confira o conteúdo completo!

Referências:

  1. Fred Saad et al., Association of prostate-specific antigen (PSA) response and overall survival (OS) in patients with metastatic hormone-sensitive prostate cancer (mHSPC) from the phase 3 ARASENS trial. J Clin Oncol 40, 2022 (suppl 16; abstr 5078). DOI 10.1200/JCO.2022.40.16_suppl.5078