Aumento da expressão de PD-L1 em células circulantes associadas ao tumor indica benefícios clínicos da imunoterapia em pacientes com CPNPC - Oncologia Brasil

Aumento da expressão de PD-L1 em células circulantes associadas ao tumor indica benefícios clínicos da imunoterapia em pacientes com CPNPC

Blood samples and test results in a clinical medical laboratory. 3D illustration

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Monitoramento via biópsia líquida antes e após primeiro ciclo de tratamento associam o aumento de expressão de PD-L1 nas células circulantes associadas ao tumor com melhor sobrevida livre de progressão e sobrevida global, em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células. 

 

Desde o início da utilização de imunoterapia com inibidores de checkpoints imunológicos (ICI), o uso de pembrolizumabe (anti-PD-1) no tratamento de câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) recorrente ou metastático recebeu bastante atenção dada à melhora nos desfechos clínicos. Via de regra, pacientes com alta expressão de PD-L1 demonstraram nos estudos clínicos anteriores melhores benefícios quando recebiam pembrolizumabe e quimioterapia comparativamente à quimioterapia isolada. No entanto, alguns pacientes mesmo com expressão baixa de PD-L1 (<1%) ou expressão mediana (1%-49%) também se beneficiavam desse tratamento, de modo a sugerir que a utilização da expressão de PD-L1 de biópsias tumorais pode não ser um preditor ideal de benefício clínico. 

Tendo em vista que a expressão de PD-L1 sofre alterações ao longo do tratamento, especialmente diante de resposta inflamatória gerada pela quimioterapia, por exemplo, questiona-se se a utilização de biópsia líquida como ferramenta diagnóstica poderia ser útil no monitoramento de PD-1 e PD-L1 presente em células circulantes associadas ao tumor (TACs). Como forma de responder essa hipótese, este estudo prospectivo e simples cego contou com 82 pacientes diagnosticados com CPNPC recorrente ou metastático, sendo 41 tratados com imunoterapia e os demais 41 sem imunoterapia, mas ainda com tratamento standard-of-care 

Esses pacientes foram submetidos à duas coletas de sangue, uma anteriormente ao tratamento (T0) e outra após a administração do primeiro curso de terapia (T1; aproximadamente 30 dias), amostras com as quais as TACs foram isoladas e contabilizou-se a expressão de PD-L1 em High/Low por microscopia de fluorescência a qual foi utilizada para avaliação de sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG) e respectivos hazard ratios (HR) em 18 e 24 meses. 

Dentre os inúmeros parâmetros e comparações avaliadas, destaca-se que a regulação positiva de PD-L1, isto é, o aumento da expressão de PD-L1 de T0 a T1 em pacientes tratados com imunoterapia esteve relacionado a um aumento na SLP de 20 vs. 4,8 meses, favoravelmente ao aumento de PD-L1 (HR: 3,49; 95% CI: 1.5-8.3; p= 0,0091) e na SG de 22 vs. 5,9 meses (HR: 3,058; 95% CI: 1,2-7,9; p= 0.0410). Com relação às avaliações multivariadas, o score T (0-2 vs. 3-4) demonstrou ser preditor de SLP em pacientes tratados com ICI (HR: 0,19; 95% CI: 0,1-0,6; p= 0,0369), além de ser, também, um preditor enquanto análise univariada (p=0,0054). 

A importância de se predizer eficientemente pacientes que se beneficiariam da imunoterapia é uma questão-chave atualmente por ser crucial para redução de custos e melhora na escolha de planos terapêuticos personalizados e eficientes. A biópsia líquida nesse caso, ao ser minimante invasiva, permite rastreio periódico, diferentemente da biópsia tumoral, e, como observado no estudo aqui discutido, permite acessar parâmetro como a expressão de PD-L1 com alta sensibilidade e identificar preditores de SLP e SG no decorrer do curso do tratamento. 

 

Referência:  

1. Moran JA, Adams DL, Edelman MJ, Lopez P, He J, Qiao Y, et al. Monitoring PD-L1 Expression on Circulating Tumor-Associated Cells in Recurrent Metastatic Non-Small-Cell Lung Carcinoma Predicts Response to Immunotherapy With Radiation Therapy. 2022.