Avaliação da resposta ao tratamento com quimiorradiação definitiva a partir da mensuração de DNA tumoral circulante entre pacientes com tumores anais

O estudo, conduzido com amostras de sangue obtidas ao baseline, procurou determinar se a concentração de DNA tumoral circulante poderia indicar um desfecho precoce comparado às avaliações clínicas padrão

A principal hipótese do estudo foi que a ausência de DNA tumoral circulante (ctDNA) poderia indicar um sinal precoce de resposta clínica completa e/ou recorrência tumoral de longo prazo entre pacientes com carcinoma anal de células escamosas sob tratamento com quimiorradiação definitiva. 

Para tanto, foi realizada a avaliação periódica do ctDNA com um ensaio de PCR multiplex, enquanto a resposta clínica completa foi definida como ausência tumoral por exames digitais, endoscopia e/ou ressonância magnética. 

31 pacientes com carcinoma anal de células escamosas tratados com quimiorradiação definitiva foram submetidos à avaliação da resposta do ctDNA. A maioria (68%) dos pacientes apresentava doença em estágio III. Os pacientes foram tratados com uma dose mediana de radiação de 54Gy em 27 frações com mitomicina combinada a quimioterapia à base de fluoropirimidina em 94% dos pacientes, e quimioterapia à base de fluoropirimidina sozinha em 6%. O teste de ctDNA foi realizado em 25 desses pacientes no início do estudo, 26 pacientes durante a quimiorradiação e 20 pacientes 30 dias após a quimiorradiação. 

Os resultados da avaliação de 31 pacientes incluem: 

• Tempo de acompanhamento mediano: 22 semanas; 
• Taxa de detecção de DNA tumoral circulante (baseline): 88%; 

• Taxa Média de Moléculas Tumorais por mililitro de amostra (MTM/mL): 26MTM/mL entre os pacientes em estágio III e 4MTM/mL entre os pacientes em estágio I ou II (p = 0,08); 
• Níveis de ctDNA (durante o tratamento): Reduziram de 19MTM/mL para 0,9MTM/mL (p = 0,05), sendo que metade dos pacientes avaliados apresentaram remissão molecular; 
• Níveis de ctDNA (após o fim do tratamento): Reduziram de 21MTM/mL para 0,2MTM/mL (p = 0,05), sendo que 94% dos pacientes testados apresentaram remissão molecular; 
• Todos os pacientes em remissão molecular também apresentaram resposta clínica completa; 
• O tempo para a remissão molecular foi inferior ao tempo para a remissão clínica (mediana de 30 dias versus 135 dias, respectivamente; p < 0,01); 

• Entre os pacientes testados até doze meses após o tratamento, não houve recorrência molecular em nenhum caso. Além disso, todos permanecem vivos e não apresentaram nenhuma evidência clínica ou radiográfica de doença. 

Portanto, o estudo indicou que o monitoramento do DNA tumoral circulante pode prover uma indicação precoce de resposta entre pacientes com carcinoma anal de células escamosas sob tratamento com quimiorradiação definitiva, em relação à mensuração clínica padrão. Ainda assim, destacou-se que é necessário verificar se a mensuração do ctDNA se correlaciona com a sobrevida livre de recorrência a longo prazo. 

Referência: Alvarez, J. et al., 2023. Circulating tumor DNA (ctDNA) for response assessment in patients with anal cancer treated with definitive chemoradiation.