Carga tumoral residual como preditor de desfechos independente do tipo de câncer de mama - Oncologia Brasil

Carga tumoral residual como preditor de desfechos independente do tipo de câncer de mama

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Uma grande metanálise apresentada hoje no San Antonio Breast Cancer Symposium 2019 avaliou a importância da carga tumoral residual quanto ao risco de recorrência e análise prognóstica em câncer de mama após quimioterapia neoadjuvante. 

Segundo o autor do Symmans, a carga tumoral residual é avaliada por vários fatores como tamanho do tumor primário, porcentagem do tumor invasivo ou in situ e acometimento linfonodal. Uma calculadora pela MD Anderson calcula índice de carga tumoral e assinala uma classificação de resposta patológica completa (RPC), RCB-I (carga mínima), RCB-II (carga moderada), RCB-III (carga extensa).

Nesta metanálise apresentada Symmans e colegas compilaram e analisaram dados de 12 instituições oncológicas ou ensaios clínicos totalizando 5100 pacientes e usando modelos de efeito misto, avaliaram a associação desse índice RCB (Residual Cancer Burden) com sobrevida livre de eventos sobrevida livre de recorrência a distância.

O índice RCB apresentou forte associação com a sobrevida livre de eventos sobrevida livre de recorrência a distância e se mostrou consistente pelas 12 instituições envolvidas e pelos quatro subtipos câncer de mama conforme segue abaixo:

  • Para receptor hormonal positivo e HER2 negativo: Foram classificados ao todo 11% RPC, 11% RCB-I, 53% RCB-II, 25% RCB-III. Após 10 anos de seguimento, 19% das pacientes com RPC tiveram recorrência ou faleceram comparado com 14% com RCB-I, 31% com RCB-II, 48% com RCB-III
  • Para receptor hormonal e HER2 ambos positivos: Foram classificados ao todo 38% RPC, 20% RCB-I, 33% RCB-II e 8% RCB-III. Após 10 anos de seguimento, 9% das pacientes com RPC tiveram recorrência ou faleceram comparado com 17% com RCB-I, 36% com RCB-II, 55% com RCB-III
  •  Para receptor hormonal negativo e HER2 positivo: Foram classificados ao todo 69% RPC, 11% RCB-I, 16% RCB-II, 4% RCB-III. Após 10 anos de seguimento, 7% das pacientes com RPC tiveram recorrência ou faleceram comparado com 15% com RCB-I, 37% com RCB-II, 40% com RCB-III
  • Para receptor hormonal e HER2 ambos negativos: Foram classificados ao todo 43% RPC, 12% RCB-I, 33% RCB-II, 11% RCB-III. Após 10 anos de seguimento, 14% das pacientes com RPC tiveram recorrência ou faleceram comparado com 14% com RCB-I, 31% com RCB-II, 48% com RCB-III

Com estes resultados, a utilização do índice RCB é altamente prognóstica permitindo uma aferição confiável quanto ao risco de recorrência em qualquer subtipo de câncer de mama. É digno ressaltar como limitação do estudo que pela coleta de dados em várias diversas instituições houve variação de métodos clínicas, o manuseio de amostras patológicas e outros possíveis fatores assim como alguns dados em algumas instituições foram obtidas retrospectivamente. Caso padronizado de maneira internacional, a avaliação de carga tumoral residual contribuirá como mais uma ferramenta útil para avaliação prognóstica da terapia neoadjuvante.