Cemiplimabe e quimioterapia: nova perspectiva no câncer de pênis avançado - Oncologia Brasil

Cemiplimabe e quimioterapia: nova perspectiva no câncer de pênis avançado

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Estudo EPIC-A avalia o uso de cemiplimabe em combinação com quimioterapia como tratamento de primeira linha para câncer de pênis localmente avançado ou metastático. 

O tratamento padrão para pacientes com câncer de pênis localmente avançado ou metastático (la/mPC) continua sendo a quimioterapia à base de platina. No entanto, as opções terapêuticas são limitadas e o prognóstico permanece reservado. Estudos demonstram que a expressão de PD-L1 está aumentada em 40 a 60% dos casos, sugerindo que a imunoterapia pode representar uma alternativa viável para esses pacientes. O cemiplimabe, um inibidor de PD-1, já é aprovado para o tratamento de carcinoma espinocelular cutâneo localmente avançado ou metastático. Durante o ASCO® Genitourinary Cancers Symposium 2025, foi apresentado a eficácia e segurança do estudo EPIC-A que combina cemiplimabe com quimioterapia como primeira linha de tratamento para la/mPC. 

O estudo EPIC-A (NTC 95561634) é um ensaio clínico de fase II, multicêntrico e não randomizado, aprovado pela National Cancer Research Network. Foram incluídos pacientes com la/mPC (Tany, N2-3, M0 ou T4, Nany, M0 ou M1) sem possibilidade de tratamento radical. Os participantes receberam cemiplimabe 350 mg por via intravenosa a cada três semanas, associado à quimioterapia padrão: cisplatina e 5-fluorouracil (PF) ou docetaxel, ifosfamida e cisplatina (TIP), por quatro ciclos. Posteriormente, o tratamento prosseguiu com monoterapia de cemiplimabe até um total de 34 ciclos. O desfecho primário foi a taxa de benefício clínico (CBR) em 12 semanas, avaliada pelo RECIST 1.1. A amostra foi calculada assumindo uma resposta de pelo menos 50% como critério de sucesso terapêutico, resultando na inclusão de 29 pacientes. 

Os 29 participantes foram recrutados em 11 centros no Reino Unido entre janeiro de 2022 e dezembro de 2023. A média de idade foi de 61 anos (intervalo: 38-76), e 93% dos pacientes apresentavam ECOG 0-1. Metástases estavam presentes em 76% dos casos, sendo pulmonares as mais frequentes (55,2%). O número mediano de ciclos recebidos foi 5 (intervalo: 1-34), com um tempo mediano de seguimento de 8,3 meses. A taxa de benefício clínico em 12 semanas foi de 62,1% (IC95%: 44,4%-79,7%), e a taxa de resposta objetiva (ORR) foi de 51,7% (IC95%: 34,4%-68,6%), com 15 respostas parciais e nenhuma resposta completa. 

A manutenção do benefício terapêutico foi observada em 21 semanas, com CBR de 48,3% (IC95%: 31,4%-65,6%) e ORR de 44,8% (IC95%: 28,4%-62,4%). Uma resposta completa foi registrada nesse período. A sobrevida livre de progressão (PFS) mediana foi de 6,2 meses (IC95%: 3,7-8,7), enquanto a sobrevida global (OS) estimada é de 15,5 meses (IC95%: 6,0-25,0). Eventos adversos de qualquer grau foram reportados em 23% dos pacientes relacionados ao cemiplimabe e em 31% relacionados à quimioterapia. Dois eventos adversos grau 5 foram registrados, ambos não relacionados ao cemiplimabe. Sete pacientes descontinuaram o tratamento devido a eventos adversos, sendo quatro associados ao cemiplimabe (14%). 

O estudo EPIC-A reforça o potencial da combinação de cemiplimabe e quimioterapia à base de cisplatina como uma nova opção terapêutica de primeira linha para pacientes com la/mPC. Os dados demonstram uma taxa de resposta promissora, compatível com a necessidade de alternativas eficazes para essa população de pacientes. Investigações adicionais estão em andamento para identificar biomarcadores preditivos de resposta e avaliar os impactos na qualidade de vida dos pacientes tratados. 

 

Referências: 

Bahl, A. et. al. EPIC-A: Phase II trial of cemiplimab plus standard of care chemotherapy followed by maintenance cemiplimab in locally advanced or metastatic penile carcinoma. J Clin Oncol. 2025; 43 (suppl 5; abstr 1). doi: 10.1200/JCO.2025.43.5_suppl.1 

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