Cemiplimabe em regime neoadjuvante para o tratamento de carcinoma cutâneo de células escamosas II-IV - Oncologia Brasil

Cemiplimabe em regime neoadjuvante para o tratamento de carcinoma cutâneo de células escamosas II-IV

2 min. de leitura

O uso de cemiplimabe (anti-PD-1) em até quatro doses anteriormente à cirurgia de ressecção está associado à maiores taxas de resposta patológica completa 

 

Dentre os tumores mais frequentes mundialmente, o carcinoma cutâneo de células escamosas (do inglês, cutaneous squamous cell carcinoma – cSCC), ocupa a 2ª posição. O estabelecimento desse tumor perpassa a proliferação exacerbada e maligna de queratinócitos epidérmicos e tem como tratamento-padrão a cirurgia, à exceção dos casos localmente avançados e metastáticos que se beneficiam de tratamentos sistêmicos. Dentre esses tratamentos, o cemiplimabe (anti-PD-1) foi o primeiro imunoterápico aprovado pelo FDA e EMA para o tratamento de cSCC em estadiamentos mais avançados, alcançando 47%-50% de taxas de resposta. 

Esses resultados sustentaram a possibilidade de se utilizar o cemiplimabe em contexto neoadjuvante em estadiamentos II-IV, de modo que estudo piloto demostrou altas taxas de resposta patológica completa após duas doses do imunoterápico em neoadjuvância. Sendo assim, o estudo clínico de fase II NCT04154943, trata-se de um estudo de confirmação, multicêntrico e não-randomizado que visa avaliar a eficácia do esquema de cemiplimabe 350mg a cada 3 semanas por até 4 doses, em 79 pacientes com cSCC ressecáveis estadiamentos II, III e IV (M0), anteriormente à cirurgia curativa.  

Tendo a eficácia como parâmetro do endpoint primário, a resposta patológica completa (ausência de células tumorais viáveis na peça cirúrgica) foi alcançada em 40 pacientes (51%; 95% IC: 39-62), enquanto 10 pacientes (13%; 95% IC: 6-22) obtiveram ao menos resposta patológica principal (>10% células viáveis). Resposta objetiva avaliada por exames de imagem foi observada em 54 pacientes (68%; 95%IC: 57-78). Por fim, como avaliação de segurança, independentemente do tipo de evento adverso, 87% dos pacientes experienciaram algum tipo de toxicidade, de modo que 18% apresentaram toxicidade em graus graves (igual ou superior ao grau 3). 

De modo, geral, esse estudo clínico de confirmação, demonstra que, de fato, o uso de cemiplimabe em esquema neoadjuvante em pacientes com cSCC estadiamentos II-IV está associado à maiores porcentagens de pacientes com resposta patológica completa. Assim, esse regime pode ser uma alternativa terapêutica futura a ser encaminhada para outras fases de estudo clínico, para que se firme como opção de tratamento, buscando melhores taxas de sobrevida livre de recorrência, sobrevida livre doença e sobrevida global. 

 

Referências:  

1. Corchado-Cobos R, García-Sancha N, González-Sarmiento R, Pérez-Losada J, Cañueto J. Cutaneous squamous cell carcinoma: From biology to therapy. Vol. 21, International Journal of Molecular Sciences. MDPI AG; 2020.  

2. Gross ND, Miller DM, Khushalani NI, Divi V, Ruiz ES, Lipson EJ, et al. Neoadjuvant Cemiplimab for Stage II to IV Cutaneous Squamous-Cell Carcinoma. New England Journal of Medicine. 2022 Oct 27;387(17):1557–68.