O estudo CheckMate -227, cujos principais resultados foram antecipados pelo Grupo Oncologia Brasil nesta segunda-feira pela manhã, foi muito discutido durante e após a sessão plenária do Congresso AACR.
Trata-se de um estudo de fase 3 em pacientes com CPNPC recém-diagnosticados, randomizado, complexo em sua metodologia e estatística, que teve quatro braços de tratamento. Foram apresentados somente os dados referentes à comparação de dois braços – pacientes que possuem alta carga mutacional (> 10 mutações/Mb) eram randomizados entre combinação de nivolumabe e ipilimumabe versus quimioterapia baseada em platina.
Após um seguimento mediano de 11,5 meses, dos 299 pacientes que apresentavam alta carga mutacional, aqueles que receberam imunoterapia em combinação tiveram redução em 42% do risco de apresentar progressão de doença. Com uma taxa de resposta global de 45%, os pacientes no braço da imunoterapia triplicaram a sobrevida livre de progressão. A combinação de nivolumabe e ipilimumabe foi bem tolerada e a frequência dos efeitos colaterais imuno-relacionados foi semelhante às experiências prévias com esse regime. Dados de sobrevida global ainda são imaturos.
Dr. Fernando Santini, oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, disse que os resultados do CheckMate -227 inovam tanto pela combinação de dois imunoterápicos de ação complementar quanto pelo uso de um biomarcador como critério de seleção. Aproximadamente 45% dos pacientes recém-diagnosticados com CPNPC apresentam alta carga tumoral, que é independente da expressão de PD-L1. A carga mutacional (“tumor mutation burden”) se solidifica como biomarcador.
O CheckMate-227 utilizou o teste da FoundationOne para cálculo da TMB. Utilizou-se um valor de corte de 10 mutações/Mb para diferenciar o grupo de alta e baixa carga mutacional tumoral. A TMB se junta ao PD-L1 como biomarcador na seleção dos pacientes com CPNPC para tratamento de primeira linha. “A TMB veio para ficar como biomarcador, no entanto, ainda não está pronto. É preciso ainda muita discussão sobre padronização dos testes comercialmente disponíveis”, afirmou Dr. Santini.
Ele frisou que a implementação da TMB traz diversos desafios, como disponibilidade de material suficiente para realização das análises na biópsia do diagnóstico, tempo para entrega dos resultados, já que se trata de pacientes virgens de tratamento, padronização dos diversos testes comerciais, entre outros.
Ao concluir, o especialista lembrou que o uso da combinação nivolumabe e ipilimumabe é promissora e é mais uma opção para os pacientes em primeira linha para o tratamento do câncer de pulmão de não pequenas células e histologia escamosa ou adenocarcinoma.
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