DESTINY-Breast04: T-DXd para pacientes com câncer de mama metastático HER2-low - Oncologia Brasil

DESTINY-Breast04: T-DXd para pacientes com câncer de mama metastático HER2-low

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A MDHealth traz, direto da Reunião Anual da ASCO de 2022, em Chicago – EUA, Dra. Shanu Modi, oncologista especialista em Mama no Memorial Sloan Kettering Cancer Center. 

Neste vídeo, Dra. Shanu Modi, uma das investigadoras do estudo clínico de fase III, DESTINY-Breast04, apresenta os dados inovadores deste estudo, com potencial de mudança da prática clínica e que definem um novo subtipo de câncer de mama, o subtipo HER2-low

O uso de trastuzumabe deruxtecana, um novo anticorpo-droga conjugado direcionado ao HER2, dobrou a sobrevida livre de progressão em comparação com o tratamento padrão com quimioterapia convencional. Também melhorou significativamente a sobrevida global de pacientes com câncer de mama metastático expressando baixos níveis do receptor HER2, independentemente do status do receptor hormonal. Essas descobertas que mudam a prática identificam um novo subconjunto de câncer de mama – chamado HER2-low – e redefinem como uma grande proporção de pacientes com câncer de mama metastático será tratada. Esta nova pesquisa foi apresentada na Reunião Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) de 2022 na sessão Plenária. 

Cerca de 55% dos tumores de mama metastáticos tipicamente categorizados como HER2 negativos, expressam baixos níveis de HER2 (IHC 1+ ou IHC 2+/ISH− pelas diretrizes ASCO/CAP 2018. Pensando nisso, T-DXd foi investigado e mostrou eficácia promissora no câncer de mama metastático HER2-low em um estudo de fase 1 (NCT02564900; Modi 2020).  

DESTINY-Breast04 (NCT03734029), é o primeiro estudo randomizado, multicêntrico, duplo-cego de fase III, a comparar a eficácia e segurança de T-DXd com terapia a escolha do médico em pacientes com câncer de mama metastático HER2-low. Para isso, foram recrutados 557 pacientes na Ásia, Europa e América do Norte com câncer de mama metastático HER2-low que haviam sido tratados com uma a duas linhas anteriores de quimioterapia para doença metastática. Os participantes foram aleatoriamente designados (2:1) para receberem trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) ou quimioterapia a escolha do médico. 

O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) em pacientes com doença positiva para receptor hormonal (RH+). Os principais desfechos secundários incluíram SLP para todos os pacientes (tanto para doença RH+ quanto RH-), bem como sobrevida global (SG) em todos os pacientes e naqueles com doença RH+. Outros desfechos foram taxa de resposta objetiva, duração da resposta, segurança e uma análise exploratória de pacientes com doença RH-negativa. 

373 e 184 pacientes (88,7% e 88,6% com câncer de mama metastático RH+) foram atribuídos a T-DXd e quimioterapia a escolha do médico, respectivamente. A mediana de acompanhamento foi de 18,4 meses (IC 95%, 17,9-19,1). A SLP em pacientes com câncer de mama com HER2-low e HR+ foi quase o dobro para T-DXd versus quimioterapia padrão (10,1 vs. 5,4 meses; HR 0,51; IC 95% 0,40 – 0,64; p<0,0001). A SG também foi significativamente melhor no subgrupo HER2-low HR+ de pacientes que receberam T-DXd em comparação com a terapia padrão (23,9 vs. 17,5 meses; HR 0,64; IC 95% 0,48 – 0,86; p=0,0028). Os resultados foram muito similares na população total do estudo, já na população com câncer de mama metastático HR-, a SLP alcançou uma mediana de 6,6 vs. 2,9 meses (HR 0,45; IC 95% 0,23-0,87; p= 0,0135), para T-DXd em comparação com quimioterapia padrão, respectivamente. Já a SG alcançou uma mediana de 16,6 vs. 10,3 meses (HR 0,63; IC 95% 0,32-1,23; p=0,1732), para T-DXd em comparação com quimioterapia padrão, respectivamente. 

Os eventos adversos relacionados ao tratamento foram menores no grupo trastuzumabe deruxtecana do que nos pacientes que receberam quimioterapia padrão (52,6% vs. 67,4%). Isso é consistente com ensaios clínicos anteriores dessas drogas. Não foram identificadas novas preocupações de segurança. Com T-DXd, 45 pacientes (12,1%; 10,0% G1/2, 1,3% G3/4, 0,8% G5) tiveram DPI/pneumonite vs. 1 pacientes (0,6% G1) com quimioterapia padrão. 

O uso de T-DXd está atualmente sendo estudado em pacientes com câncer de mama metastático HER2-low em vários estudos em andamento, vários dos quais estão explorando o limiar mínimo de expressão de HER2 necessário para a atividade do T-DXd.  

 

Referência: 

Shanu Modi et al., Trastuzumab deruxtecan (T-DXd) versus treatment of physician’s choice (TPC) in patients (pts) with HER2-low unresectable and/or metastatic breast cancer (mBC): Results of DESTINY-Breast04, a randomized, phase 3 study. J Clin Oncol 40, 2022 (suppl 17; abstr LBA3). DOI 10.1200/JCO.2022.40.17_suppl.LBA3