DNAct é potencial biomarcador de recorrência em câncer de cólon - Oncologia Brasil

DNAct é potencial biomarcador de recorrência em câncer de cólon

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As técnicas de análise de DNA circulante tumoral (DNAct) têm sido desenvolvidas nos últimos anos, na tentativa de tornar mais fácil e menos invasivo o diagnóstico inicial ou a detecção de recidivas de neoplasias malignas. Utilizando-se de sequenciamento genômico do DNA de células neoplásicas presente no sangue periférico, essas técnicas já vêm sendo empregadas em diversos cenários, como por exemplo na detecção de mutações de resistência em pacientes com câncer de pulmão e mutação ativadora do EGFR.

Publicado na última edição do JAMA Oncology, um estudo prospectivo australiano investigou se a pesquisa de DNAct em pacientes com câncer de cólon estádio III possibilitaria avaliar a eficácia da quimioterapia (QT) adjuvante ao detectar doença residual precocemente. Um tratamento padrão para casos de estádio III, a QT adjuvante em câncer de cólon visa a erradicar qualquer doença microscópica restante após a cirurgia com intuito curativo. No entanto, os métodos atuais de diagnóstico não conseguem identificar aqueles pacientes que, mesmo após adjuvância, ainda não estão curados.

Os autores recrutaram indivíduos em planejamento de tratamento e, em uma coorte final de 96 pacientes, realizaram análises seriadas de DNAct após cirurgia e após QT adjuvante, buscando detectar mutações somáticas em 15 dos genes mais comumente mutados em câncer de cólon. Com seguimento mediano de 28,9 meses, ao menos uma mutação foi identificada em amostras de tecido de todos os pacientes avaliados.

Nas análises imediatamente após cirurgia, DNAct foi detectado em 20 (21%) dos 96 pacientes e sua presença foi associada a uma menor sobrevida livre de recorrência (hazard ratio [HR] 3,8; IC 95% 2,4-21,0; p < 0,001). Mesmo após ajuste para outros fatores clinicopatológicos de risco para maior recorrência, o status de DNAct permaneceu associado a uma diferença significativa em intervalo livre de recorrência (ILR), com HR 7,5; IC 95% 3,5-16,1; p  < 0,001.

Já nas avaliações pós-QT, foi detectado DNAct em 15 (17%) de 88 amostras. Também nesses casos, foi vista uma correlação significativa entre a presença de DNAct residual e um maior risco de recidiva, com apenas 30% de pacientes com DNAct detectável com ILR estimado de 3 anos, em comparação a 77% com esse mesmo ILR no grupo de pacientes cujas análises foram negativas (HR 6,8; IC 95% 11,0-157,0; p < 0,001).

Os resultados do estudo sugerem uma importante aplicabilidade clínica para a técnica de detecção de DNAct explorada no trabalho no tratamento do câncer de cólon. Se esses resultados se confirmarem em novos estudos prospectivos, seria possível identificar precocemente um subgrupo de pacientes que podem ainda portar doença residual e que permaneceriam em risco aumentado de recidiva. Essa avaliação pode não só levar a um prognóstico mais acurado desses pacientes, como também permitir que o oncologista selecione quais indivíduos se beneficiariam de tratamentos adicionais, aumentando as eventuais taxas de sucesso dos tratamentos adjuvantes. Um estudo publicado no JAMA relata melhor o estudo.

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