Inibidores do checkpoint imunológico (ICIs) melhoraram substancialmente os desfechos clínicos em múltiplos tipos de câncer e estão sendo cada vez mais utilizados em cenários iniciais de doença e em combinações de diferentes imunoterapias. No entanto, os ICIs também podem causar eventos adversos relacionados ao sistema imune (irAEs) graves ou fatais.
Um estudo observacional retrospectivo de farmacovigilância que avaliou a toxicidade cardiovascular tipo irAEs dos ICIs foi publicado recentemente na The Lancet Oncology. Foram identificados 31321 eventos adversos relatados em pacientes que receberam ICIs e 16 343 451 eventos adversos relatados em pacientes tratados com qualquer droga (banco de dados completo) em VigiBase. Comparado com o banco de dados completo, o tratamento com ICI foi associado a maior relato de miocardite, doenças pericárdicas e vasculite, incluindo arterite temporal e polimialgia reumática.
As doenças pericárdicas foram notificadas mais frequentemente em doentes com câncer de pulmão, enquanto miocardite e vasculite foram mais frequentemente notificadas em pacientes com melanoma. As irAEs cardiosvasculares foram graves na maioria dos casos (> 80%), com morte em 61 (50%) dos 122 casos de miocardite, 20 (21%) dos 95 casos de doença pericárdica e cinco (6%) dos 82 casos de vasculite. O tratamento com ICIs pode levar a irAEs cardiovasculares inflamatórios graves e incapacitantes logo após o início da terapia; estes eventos devem ser considerados no atendimento ao paciente e em estudos clínicos combinados.
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