Estudo SHAWL avalia a saúde sexual de mulheres com câncer de pulmão - Oncologia Brasil

Estudo SHAWL avalia a saúde sexual de mulheres com câncer de pulmão

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Os resultados do estudo SHAWL mostraram que a disfunção sexual é prevalente em mulheres com câncer de pulmão. O estudo conclui que a saúde sexual deve ser integrada aos cuidados de oncologia torácica, e mais pesquisas são necessárias para desenvolver intervenções personalizadas e melhorar a qualidade de vida de pacientes com câncer de pulmão

 

Durante a Conferência Mundial de Câncer de Pulmão de 2022 (WCLC 2022), a Dra. Narjust Florez apresentou os dados do estudo SHAWL, sigla em inglês para “Avaliação da Saúde Sexual em Mulheres com Câncer de Pulmão”. A saúde sexual é um importante componente da qualidade de vida no câncer de pulmão (CP), mas é pouco estudada e discutida. A maioria dos dados sobre disfunção sexual em pacientes com CP precede a aprovação das terapia-alvo e inibidores de checkpoint imunológico. Até o presente momento, o SHAWL é o maior estudo avaliando a disfunção sexual em mulheres com câncer de pulmão. 

O estudo recrutou participantes entre os meses de junho de 2020 e junho de 2021. Os critérios de elegibilidade incluíram idade >18 anos, auto identificação como mulher, fluência em inglês e diagnóstico de câncer de pulmão. Este foi um estudo transversal, de pesquisa global, aprovado pelo IRB (Institutional Review Board), e foi administrado por meio da GO2 Foundation Lung Cancer Registry. Foi utilizado o Sistema de Informação de Medidas de Resultados Relatados pelo Paciente (PROMIS®) Função Sexual e Medidas de Satisfação para avaliar a saúde sexual das pacientes.  

A tabela a seguir descreve os participantes do estudo e a função sexual pré-diagnóstico de câncer de pulmão. Em resumo, a maioria (64%) dos pacientes eram portadores de câncer de pulmão estágio IV e 107 (45%) estavam recebendo terapia direcionada, sendo que 93 deles (87%) estavam tomando a medicação por > 6 meses. No momento da conclusão da pesquisa, 78 participantes (33) estavam tomando antidepressivos e 34 (14%) estavam tomando betabloqueadores. 

Nos últimos 30 dias, 127 (53%) participantes tiveram atividade sexual consigo mesmos ou com outra pessoa. 183 (77%) participantes relataram pouco ou nenhum interesse em atividade sexual, e 159 (67%) afirmaram raramente ou nunca querer ter atividade sexual. As razões mais comuns que afetam negativamente a satisfação dos participantes com sua vida sexual (muito ou pouco) incluíram fadiga em 95 dos pacientes (40%), sentir-se triste/infeliz em 66 (28%), problemas com o parceiro em 52 (22%) e falta de ar em 36 dos pacientes (15%). Das 127 participantes que tiveram atividade sexual nos últimos 30 dias, 75 (59%) relataram problemas significativos com secura vaginal e 63 (26%) dor/desconforto vaginal durante a atividade sexual. Ao comparar antes e depois do diagnóstico de câncer de pulmão, diferenças marcantes foram observadas na diminuição do desejo/interesse sexual (15% vs. 31%, p<0,001) e dor/desconforto vaginal (13% vs. 43%, p0,001). 

 

 

O estudo conclui que a disfunção sexual é prevalente em mulheres com câncer de pulmão. A maioria dos participantes relatou pouco ou nenhum interesse em atividade sexual, e os motivos mais comuns que afetaram negativamente a satisfação com a vida sexual das pacientes foram fadiga, o sentimento de tristeza e falta de ar. A saúde sexual deve ser integrada aos cuidados da oncologia torácica, e mais pesquisas são necessárias para desenvolver intervenções personalizadas para pacientes com câncer de pulmão, garantindo sua qualidade de vida. 

 

Referência:  

1 – MA14.04 – Sexual Health Assessment in Women with Lung Cancer (SHAWL) Study. Rashmi Acharya, Zihan Wei, Lori Seaborne, Christine Heisler, Mary Jo Fidler, Ivy Beth Elkins, Jill Feldman, Amy Moore, Jennifer C. King, David Kushner. 2022 World Conference on Lung Cancer