Estudo VELIA: veliparibe e QT em câncer de ovário - Oncologia Brasil

Estudo VELIA: veliparibe e QT em câncer de ovário

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A oncologista clínica do Oncocentro Ceará, Dra. Ana Carolina Gifoni, em sua participação no ESMO Congress 2019, comentou alguns trabalhos apresentados com foco nos resultados do estudo VELIA sobre câncer de ovário.

“Esse é um tipo de tumor que, infelizmente, ainda tem um resultado oncológico aquém do que devemos entregar para as nossas pacientes. A maioria delas acaba recidivando depois do tratamento de primeira linha, o que tem levado, nos últimos anos, ao desenvolvimento de ferramentas de manutenção que possam melhorar esses resultados oncológicos,” comenta Gifoni.

Na presente edição do encontro promovido pela European Society for Medical Oncology, foram discutidos, entre outros, os resultados de três ensaios clínicos de fase III voltados para a investigação do efeito de inibidores de PARP:
– O estudo PAOLA-1, que testou a combinação de olaparibe e bevacizumabe, com resultados positivos;
– O estudo PRIMA, que investigou o uso de niraparibe para terapia de manutenção em pacientes com câncer de ovário, também com resultados positivos;
– O estudo VELIA, que analisou o papel do veliparibe como terapia de manutenção para pacientes com carcinoma ovariano seroso de alto grau.

As pacientes do estudo VELIA apresentavam doença em estádio III ou IV, e haviam sido previamente a cirurgia upfront ou de intervalo, tendo também recebido seis ciclos de tratamento com quimioterapia com carboplatina e taxol.

Segundo Gifoni, uma particularidade do estudo, que contou com 1140 pacientes, foi a randomização em três braços: quimioterapia em associação com placebo nas fases de tratamento e manutenção; quimioterapia com veliparibe e manutenção com QT e placebo; e QT em associação com veliparibe para tratamento e manutenção durante três anos.

“A combinação de quimioterapia com inibidor de PARP faz muito sentido biológico, apesar de não ter sido verificada significância estatística no efeito da associação em relação à quimioterapia isolada. Mas houve uma diferença significativa com o uso do iPARP durante a manutenção, o que traz um acréscimo muito importante às opções que temos hoje para o câncer de ovário,” comentou a Dra. Gifoni.

Os resultados foram positivos tanto para a população com intenção de tratar, com sobrevida livre de progressão de 23,5 meses, comparados a 17,3 meses para o grupo controle (HR = 0,68). O efeito foi ainda mais pronunciado na população BRCAmut, com sobrevida livre de progressão de 34,7 meses, comparados a 22 meses para o braço controle (HR = 0,44).

Para pacientes com deficiências na recombinação homóloga, a sobrevida livre de progressão foi de 31,9 meses com veliparibe, versus 20,5 para o braço controle (HR = 0,68).

O ESMO Congress 2019 acontece entre os dias 27 de setembro e primeiro de outubro em Barcelona, Espanha e reúne especialistas do mundo todo para discutir o que há de mais recente na pesquisa oncológica, com apresentação de dados que podem mudar a prática da oncologia e consequente promoção de um atendimento melhor ao paciente. Confira a cobertura no site www.oncologiabrasil.com.br/esmo-19, e nas nossas redes sociais.