Ibrutinibe e Venetoclax como opção de tratamento da Leucemia Linfocítica Crônica: estudos CAPTIVATE e GLOW - Oncologia Brasil

Ibrutinibe e Venetoclax como opção de tratamento da Leucemia Linfocítica Crônica: estudos CAPTIVATE e GLOW

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Neste vídeo, Dr. Jorge Vaz, médico hematologista, hemoterapeuta e coordenador de TMO do Cettro, comenta sobre os dados dos estudos CAPTIVATE e GLOW apresentados durante o The 64th annual meeting of the American Society of Hematology (ASH) 2022.  

No vídeo, o especialista detalha o desenho de ambos os estudos, além de fazer uma análise completa dos dados, destacando o impacto clínico destes achados. Vale a pena conferir o conteúdo na íntegra! 

 

Ibrutinibe, um inibidor da enzima BTK, e venetoclax, inibidor da enzima BLC-2, são utilizados individualmente como tratamento para a Leucemia Linfocítica Crônica (LLC). No estudo CAPTIVATE, os pacientes jovens com LLC foram tratados com a combinação de ibrutinibe e venetoclax em primeira-linha. Após a confirmação da Doença Residual Mínima indetectável (uMRD), o estudo verificou o efeito de uma segunda fase de tratamento com ibrutinibe apenas, contra o uso de placebo. Já no estudo GLOW, foi avaliada a cinética e o desfecho do tratamento combinado das drogas, em comparação com o tratamento combinado de cloroambucila e obinutuzumabe, em pacientes com LLC e idade avançada ou comorbidades. 

No estudo CAPTIVATE foram avaliados em 86 dos 164 pacientes que não apresentaram Doença Residual Mínima ao final do tratamento primário com ibrutinibe e venetoclax. Esses 86 pacientes foram randomizados em dois grupos para receberem apenas ibrutinibe, ou placebo. Os resultados obtidos incluem: 

  • Taxa de Resposta Completa (Braço Placebo): Aumentou de 60% na avaliação de dois anos para 63% na avaliação de quatro anos; 
  • Taxa de resposta Completa (Braço ibrutinibe): Aumentou de 72% na avaliação de dois anos para 81% na avaliação de quatro anos; 
  • Taxas de uMRD: Ficaram em 56% e 58% na avaliação de dois para três anos no braço Placebo, e 60% e 63% na avaliação de dois para três anos no braço ibrutinibe; 
  • Sobrevida Livre de Doença (avaliada em três anos): 85% no braço Placebo e 93% no braço ibrutinibe (p = 0,1621); 
  • Intervalo de Confiança de 95% (95% CI) = 69% a 83% no braço Placebo e 80% a 98% no grupo ibrutinibe; 
  • Sobrevida Livre de Progressão (avaliada em quatro anos): 88% no braço Placebo e 95% no braço ibrutinibe; 
  • 95% CI = 74% a 95% no braço Placebo e 82% a 99% no braço ibrutinibe; 
  • Sobrevida Global (avaliada em quatro anos): 100% no braço Placebo e 98% no braço ibrutinibe; 
  • Progressão da Doença: Ocorreu em sete pacientes no braço Placebo, e em dois pacientes no braço ibrutinibe.  

O estudo CAPTIVATE, por sua vez, demonstrou que existe uma relação risco-benefício favorável do tratamento combinado com ibrutinibe e venetoclax em regime de tempo fixo, visto as taxas de Sobrevida Livre de Doença, Sobrevida Livre de Progressão e Sobrevida Global elevadas tanto no braço placebo quanto no braço ibrutinibe. 

Quanto ao estudo GLOW, seus resultados são: 

  • Taxas de uMRD: Aumentaram de 46,2% durante o estudo para 54,7% três meses após o final do tratamento entre os 106 pacientes que receberam ibrutinibe e venetoclax; 
  • uMRD pós-tratamento: Mantida em 77,6% dos casos (45 de 58 pacientes) no grupo ibrutinibe e venetoclax, contra 12,2% dos casos (5 de 41 pacientes) no grupo cloroambucila e obinutuzumabe.  
  • Resultados semelhantes foram observados entre os pacientes que apresentavam Doença Residual Mínima detectável no início do tratamento (6,5% versus 68,1%, respectivamente); 
  • Taxas de uMRD entre pacientes com IGHV não mutada: Foram mais elevadas e observadas de forma mais precoce no grupo tratado com ibrutinibe e venetoclax. 

Além disso, a IGHV não mutado foi associado com recidivas mais precoces no grupo tratado com cloroambucila e obinutuzumabe, enquanto o status de IGHV não apresentou influência nas taxas de recidiva entre pacientes tratados com ibrutinibe e venetoclax (Figura 1). 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1: Avaliação da Sobrevida Livre de Progressão com base no status de IGHV. Adaptado de Niemann et al., 2022. 

Portanto, o estudo GLOW revelou melhor estabilidade de Doença Residual Mínima indetectável no grupo ibrutinibe e venetoclax em relação ao tratamento combinado de cloroambucila e obinutuzumabe, apresentando taxas mais elevadas e obtidas de forma mais precoce. Ainda se observou que a progressão clínica nos primeiros dezoito meses após o tratamento com ibrutinibe e venetoclax foi incomum mesmo entre pacientes com Doença Residual Mínima elevada. Além disso, o tratamento combinado demonstrou respostas duráveis inclusive em pacientes com características genômicas de alto-risco. 

Referências: Niemann, C.U. et al., 2022. Residual Disease Kinetics Among Patients with High-Risk Factors Treated with First-Line Fixed-Duration Ibrutinib Plus Venetoclax (Ibr+Ven) Versus Chlorambucil Plus Obinutuzumab (Clb+O): The Glow Study. Apresentado no 64th ASH Annual Meeting and Exposition. Informações do ensaio clínico: NCT03462719. 

Allan, J.N. et al., 2022. Treatment Outcomes after Undetectable MRD with First-Line Ibrutinib (Ibr) Plus Venetoclax (Ven): Fixed Duration Treatment (Placebo) Versus Continued Ibr with up to 5 Years Median Follow-up in the CAPTIVATE Study. Apresentado no 64th ASH Annual Meeting and Exposition. Informações do ensaio clínico: NCT02910583. 

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