Imunoterapia em tumores de cabeça e pescoço - Oncologia Brasil

Imunoterapia em tumores de cabeça e pescoço

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O Dr. William William, diretor de Oncologia e Hematologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta os principais pôsteres apresentados sobre neoplasias de cabeça e pescoço, durante sua participação no ESMO Congress 2019, evento da European Society of Medical Oncology, que ocorre em Barcelona, de 27 de setembro a 01 de outubro.

O primeiro trabalho selecionado pelo oncologista trata de avaliação de eficácia de tratamento relacionada à expressão de programmed death ligand 1 (PD-L1), avaliada por dois métodos diferentes, em pacientes do estudo KEYNOTE-040. Nesse estudo, pacientes que já haviam falhado a quimioterapia baseada em platina eram randomizados para um braço de pembrolizumabe e outro de quimioterapia padrão.

A avaliação de expressão de PD-L1 foi realizada nas células tumorais (TPS, do inglês tumor proportion score) e na combinação de células tumorais e células do infiltrado imune tumoral (CPS, do inglês combined positive score). Quando TPS > 50% ou CPS > 50, as duas técnicas parecem intercambiáveis quanto a sua capacidade de detectar respondedores à imunoterapia. Já em níveis < 50, o CPS mostrou maior correlação para detecção de respondedores do que o TPS.

O Dr. William destacou, porém, que apesar de correlações significativas, o CPS ainda não parece ser o biomarcador ideal, para identificação de pacientes com tumores de cabeça e pescoço que se beneficiem de imunoterapia.

Um segundo trabalho levantado pelo médico foi um estudo de “janela de oportunidade”, em que pacientes com carcinoma de células escamosas (CEC), candidatos a ressecções completas, recebiam nivolumabe antes da cirurgia, por curto período, associado ou não a tadalafila, medicação mais comumente usada no tratamento da disfunção erétil. A combinação de nivolumabe e tadanafila não levou a aumento de taxas de resposta patológica.

Porém, o Dr. William lembrou que, mesmo com curto período de tratamento, houve alguns pacientes com respostas importantes, até mesmo respostas patológicas completas. Além disso, naqueles pacientes com pouco infiltrado inflamatório, viu-se aparente aumento do infiltrado imune local com uso de tadalafila.

Por fim, o oncologista destacou estudo que avaliava toxicidade e segurança de uso de pembrolizumabe associado a radioterapia (RT), em pacientes com CEC de cabeça e pescoço localmente avançado, inelegíveis a cisplatina. O trabalho indica que o uso de imunoterapia em concomitância à RT parece seguro e nenhum evento adverso novo foi identificado.

Sobre os trabalhos da sessão de pôsteres, o Dr. William comentou que são “estudos que nos ajudam a refinar o uso da imunoterapia para pacientes de Cabeça e Pescoço, e essa certamente vai ser uma modalidade que vai se tornar cada vez mais prevalente para esses tipos de tumores.