KEYNOTE-522: Pembrolizumabe neoadjuvante associado à quimioterapia elimina células tumorais no câncer de mama triplo negativo - Oncologia Brasil

KEYNOTE-522: Pembrolizumabe neoadjuvante associado à quimioterapia elimina células tumorais no câncer de mama triplo negativo

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O câncer de mama triplo negativo (CMTN) é um subtipo agressivo, que afeta frequentemente mulheres jovens. O tratamento padrão dos tumores iniciais envolve quimioterapia (QT) neoadjuvante, seguida de cirurgia. A resposta patológica após QT se correlaciona com a probabilidade de recidiva, sendo que aquelas pacientes que apresentam resposta patológica completa (RPC) apresentam altas chances de cura. Um novo estudo apresentando no ESMO Congress 2019 evidencia aumento nas taxas de RPC dessas pacientes com uso de imunoterapia associada a QT.

O estudo KEYNOTE-522 avaliou a adição de imunoterapia ao tratamento neoadjuvante padrão, com ciclofosfamida, antraciclina, carboplatina e taxano. As 1174 pacientes recrutadas foram randomizadas em razão 2:1 para receber pembrolizumabe (PEMBRO) 200 mg a cada 3 semanas ou placebo, juntamente com 4 ciclos de carboplatina e paclitaxel e 4 ciclos de antraciclina e ciclofosfamida. Após a cirurgia, as pacientes continuavam com PEMBRO ou placebo por mais 9 ciclos.

Em relação aos desfechos primários de RPC (ypT0/Tis ypN0) e sobrevida livre de eventos (SLE), observou-se um aumento significativo em RPC com a adição de PEMBRO, com taxas de 64,8% (IC 95% 59,9-69,5) vs. 51,2% (IC 95% 44,1-58,3), com p=0,00055, bem como uma tendência a aumento de SLE (HR 0,63; IC 95% 0,43-0,93), também favorecendo o braço da imunoterapia.

O benefício de PEMBRO foi consistente também quando consideradas as definições secundárias de RPC: ypT0 ypN0 (59,9% vs. 45,3%) e ypT0/Tis (68,6% vs 53,7%). Em uma análise de subgrupos, o benefício foi visto independentemente do status de programmed death ligand 1 (PD-L1), com pacientes com tumores PD-L1 positivos apresentando taxas de RPC de 68,9% vs. 54,9%, enquanto aqueles com tumores PD-L1 negativos apresentavam taxas de 45,3% vs. 30,3%, ambos favorecendo o braço de pembrolizumabe.

A frequência de eventos adversos graus 3 ou superior foi de 78% no braço de PEMBRO contra 73% do braço de placebo, com incidência de morte associada ao tratamento de 0,4% vs. 0,3%, respectivamente.

A adição de imunoterapia ao tratamento neoadjuvante com quimioterapia pode representar um importante avanço no tratamento de mulheres com CMTN, potencialmente se tornando um novo padrão e aumentando a taxa de cura dessas pacientes.

O ESMO Congress 2019 acontece entre os dias 27 de setembro e primeiro de outubro em Barcelona, Espanha e reúne especialistas do mundo todo para discutir o que há de mais recente na pesquisa oncológica, com apresentação de dados que podem mudar a prática da oncologia e consequente promoção de um atendimento melhor ao paciente. Confira a cobertura no site www.oncologiabrasil.com.br/esmo-19, e nas nossas redes sociais.