Este ano o congresso da AACR contou com mais de 20 mil participantes, sendo o maior congresso de pesquisa em câncer em todo o mundo. Nele são apresentados avanços desde a pesquisa básica, no laboratório, até estudos avançados que podem levar à aprovação de novas terapias e novos biomarcadores pelas agências regulatórias. Entre os destaques do congresso estão os avanços no sequenciamento genético, nos métodos por trás da biópsia líquida e terapias revolucionárias como o CAR-T. Também se destacaram novas estratégias de tratamento, que são resumidas nesta resenha.
Em câncer de pulmão, foram apresentados resultados impressionantes de terapias alvo-direcionadas e de imunoterapia. Entre as terapias alvo, novas estratégias em EGFR e NTRK se mostraram promissoras:
Em melanoma, uma combinação de pembrolizumabe e entinostate foi testada em pacientes após progressão a um inibidor de PD1. Entinostate é uma droga que age em epigenética, um inibidor de histona deacetilase com capacidade de suprimir células imunossupressoras. Entre 53 pacientes tratados, foi observada taxa de resposta de 19%, com duração mediana de 13 meses. A combinação foi segura e relativamente bem tolerada.
Em tumores associados a HPV (colo uterino, canal anal, orofaringe), uma nova terapia chamada bintrafuspe alfa se mostrou altamente ativa. Esta terapia tem atividade bloqueando TGF-beta e PD-L1, ambos importantes atores da supressão imunológica. A terapia foi bem tolerada, com perfil que inclui neoplasias cutâneas. A taxa de resposta foi de 28% em neoplasias HPV-associadas e de 31% em neoplasias HPV-positivas. Novos estudos estão em andamento com esta nova terapia. No Brasil, este agente está disponível através de estudos clínicos internacionais.
Ainda no câncer de cabeça e pescoço, uma combinação de radioterapia estereotáxica com nivolumabe neoadjuvante levou a uma taxa de resposta clínica em 70% e resposta patológica completa de 90% em pacientes com doença localmente avançada, HPV-positiva. A radioterapia foi oferecida em esquemas de 3 ou 5 frações de 8 Gy. A toxicidade foi leve, principalmente mucosite de grau 1-2. Como toxicidade tardia, houve 50% de insuficiência adrenal, maior que o esperado com nivolumabe sozinho. Não houve atraso para a cirurgia. Entre outros resultados, a combinação de nivolumabe e ipilimumabe foi bem tolerada e levou a taxa de resposta de 42% em pacientes com tumores neuroendócrinos em um estudo de fase II.
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