Pacientes virgens de tratamentos prévio de inibidores de sistema complemento e diagnosticados com Hemoglobinúria Paroxística Noturna em situação de hemólise intravascular aguda tiveram o quadro controlado pela administração de pegcetacoplan – o qual reduziu os níveis de LDH e aumentou os níveis de hemoglobina
A Hemoglobinúria Paroxística Noturna (HPN) trata-se de uma doença rara de linhagem de células tronco hematopoiéticas decorrente de mutações somáticas no gene PIGA cuja proteína resultante é responsável na biossíntese de outras moléculas que ancoram a proteína glicosilfosfatidilinositol (GPI) como aquelas envolvidas na inibição do sistema complemento. Frente a isso, a perda de mecanismos reguladores do sistema complemento leva à presença de eritrócitos susceptíveis à hemólise intravascular podendo causar quadros de trombose além de outros sintomas como anemia hemolítica, distonia de músculos lisos e em alguns casos falha na medula óssea que são de grande ameaça à vida dos pacientes¹.
Frente à raridade da doença e os impactos dessa para os pacientes portadores, o pegcetacoplan (PEG), inibidor de C3 do sistema complemento, é o primeiro fármaco aprovado pelo FDA e EMA que já demonstra claro controle dos quadros hemolíticos intra e extravascular em HPN. Os responsáveis do estudo clínico open-label de fase III PRINCE, portanto, apresentam no EHA 2022 os resultados referentes à eficácia de PEG em melhorar/normalizar os níveis de LDH e hemoglobina (Hb) em pacientes HPN, especialmente em um rescue arm.
53 pacientes foram incluídos nesses estudo e randomizados 2:1 de modo que 35 receberiam PEG (1080mg subcutâneo 2x na semana) e 18 receberiam controle até totalizarem 26 semanas de tratamento. Para inclusão, dentre os critérios, cabe destaque o LDH ≥ 1,5x do limite superior normal (ULN: ≥339 U/L) e de Hb abaixo do limite inferior normal (LLN = homens: ≤13.6 g/dL; mulheres: ≤12.0 g/dL).
Do braço controle, aqueles pacientes que ao longo do estudo experenciaram sinais de hemólise e declínio agudo dos níveis de Hb (≥2 g/dL) comparativamente ao seu baseline, compuseram o rescue arm, onde receberam, também o PEG (61% do braço controle inicial). Anteriormente à mudança de braço do estudo, a mediana de LDH do rescue compreendia ≥ 2x ULN (2424 U/L). No entanto, todo o rescue arm apresentou rápida resposta ao tratamento com pegcetacoplan demonstrado pela redução significativa dos níveis de LDH na primeira semana (média: 422,1 U/L) e após duas semanas os pacientes apresentavam níveis normais de LDH (186,6 U/L) sendo 8 abaixo do ULN e 2 pacientes com níveis séricos 1,5x abaixo desse limite, confirmando um bom controle da hemólise intravascular. Esses resultados foram similares aqueles do braço PEG (150,4 U/L).
Com relação aos níveis de hemoglobina, 7 dos 11 pacientes do rescue arm apresentaram aumento significativo nos níveis de Hb após 2 semanas, tal como o grupo PEG (Mediana: 10,9g/dL e 11,19g/dL, respectivamente). Da coorte total, 4 pacientes não demonstraram alterações em Hb atribuída possivelmente à disfunção da medula óssea, 3 realizaram transfusão dentro dos 5 dias iniciais da administração de PEG e 1 permaneceu dependente de transfusão, não apresentando alterações em Hb.
Avaliando a segurança de PEG, o fármaco demonstrou bom perfil de segurança e tolerabilidade, não tendo sido relatados óbitos, eventos adversos e nem descontinuação decorrentes do tratamento. Dentre os eventos adversos gerais o mais comum foi reação no local da injeção que ocorreu em 30,4% daqueles que receberam PEG e em nenhum que compôs o braço controle.
Os resultados apresentados confirmam a eficácia e segurança de pegcetacoplan, com destaque para sua capacidade em estabilizar o quadro agudo de hemólise intravascular de pacientes HPN virgens de tratamento com inibidor de complemento. Os gráficos de cinética dos parâmetros ao longo do tempo fortificam a conclusão atual de eficácia desse fármaco, capaz de reduzir rapidamente os níveis de LDH e aumentar os níveis de Hb tanto no rescue arm quanto no braço PEG.
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