Primeiros resultados do RADICALS-HD sobre a duração da terapia de privação androgênica com radioterapia pós-operatória para câncer de próstata - Oncologia Brasil

Primeiros resultados do RADICALS-HD sobre a duração da terapia de privação androgênica com radioterapia pós-operatória para câncer de próstata

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Os desfechos do RADICALS-HD demonstraram que o uso da terapia de privação androgênica por 24 meses após a prostatectomia radical seguida de radioterapia aumenta a sobrevida livre de metástase 

 

O estudo randomizado RADICALS, tem como objetivo estudar quão bem a radioterapia junto com a terapia de privação androgênica funciona no tratamento de pacientes que foram submetidos a cirurgia para câncer de próstata. Os autores justificam esse estudo com o fato de que a radioterapia (RT) usa raios-x de alta energia para matar células tumorais, e já é um tratamento rotineiro no tratamento do câncer. A terapia de privação androgênica (TPA), como goserelina, leuprolida ou bicalutamida, podem diminuir a quantidade de androgênios produzidos pelo corpo, uma vez que os andrógenos podem causar o crescimento de células cancerígenas da próstata. Há boas evidências sobre o uso de TPA com RT primária como tratamento do câncer de próstata.  Por outro lado, há incerteza sobre o papel e duração da TPA com RT após prostatectomia radical (PR). 

Os primeiros resultados do braço RADICALS-DH, parte do protocolo RADICALS, foi apresentado no Congresso ESMO 2022. O RADICAL-HD foi um estudo controlado randomizado para avaliar o uso e a duração da TPA com RT pós-operatória.  Os principais critérios de elegibilidade foram indicação de RT após RP anterior e nenhuma TPA pós-operatória anterior. Antes da RT pós-operatória, os pacientes foram randomizados para nenhum TPA (“Nenhum”), 6 meses de TPA (“Curto”) ou 24 meses de TPA (“Longo”).  A randomização de 3 vias foi encorajada, e à randomização de 2 vias entre Nenhum-vs-Curto ou Curto-vs-Longo também foi permitida. O desfecho primário foi a sobrevida livre de metástase (SLM).  Os desfechos secundários incluíram time to salvage TPA e sobrevida global (SG).  Avaliações de toxicidade focadas em TR com escala RTOG.   

De 2007 a 2015, 2.839 paciente (pts), incluindo 492 na randomização de 3 vias, juntaram-se ao RADICALS-HD do Reino Unido, Canadá e Dinamarca: idade média 66 anos; 23% de pT3b/T4; 20% Gleason 8-10, PSA pré-RT mediano 0,22 ng/mL.  Destes, 1480 pts foram randomizados nos grupos Nenhum vs Curto e 1523 pts no grupo Curto vs Longo.  Os braços foram equilibrados em cada comparação; os fatores de risco foram mais favoráveis ​​em Nenhum-vs-Curto do que Curto-vs-Longo.  O acompanhamento médio foi de 9 anos.  Em Nenhum-vs-Curto, com base em 268 eventos de SLM, a TPA de 6 meses não melhorou a SLM (HR 0,89; IC95% 0,69 – 1,14; 79% vs 80% livre de eventos em 10 anos). Time to salvage TPA foi atrasado (HR 0,54; IC95% 0,42 – 0,70); a SG não melhorou (HR 0,88; IC95% 0,65 – 1,19). No braço Curto-vs-Longo, com base em 313 eventos de SLM, a TPA de 24 meses melhorou a SLM (HR 0,77; IC95% 0,61 – 0,97; 72% vs 78% em 10 anos). Time to salvage TPA foi atrasado (HR 0,73; IC95% 0,59 – 0,91); SG não melhorou (HR 0,88; IC95% 0,66 – 1,17).  

A conclusão que é tirada desses desfechos, é que em pacientes com RT pós-operatória após RP, TPA de 24 meses vs TPA de 6 meses melhorou tanto o tempo para resgatar TPA quanto a SLM. Em contraste, TPA de 6 meses versus nenhuma TPA melhorou o tempo de recuperação da TPA, mas não melhorou a SLM. 

 

Referências:  

1 –  Abstract LBA9 – C. C. Parker et al., Duration of androgen deprivation therapy (ADT) with post-operative radiotherapy (RT) for prostate cancer: First results of the RADICALS-HD trial (ISRCTN40814031). ESMO Annual World Congress – ESMO 2022. 

2 – ClinicalTrials.gov: NCT00541047 (https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT00541047) 

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