Resultados do estudo clínico de fase 2 L-MIND: análise do tafasitamabe no tratamento de LDGCB recidivo/refratário - Oncologia Brasil

Resultados do estudo clínico de fase 2 L-MIND: análise do tafasitamabe no tratamento de LDGCB recidivo/refratário

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As análises dos resultados o follow-up de 5 anos do ensaio clínico de fase II L-MIND sugerem eficácia e segurança do uso de tafasitamabe para o tratamento de LDGCB recidivo/refratário em pacientes inelegíveis ao transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas

 

O uso de anticorpos monoclonais anti-CD19 se estabeleceu recentemente como uma das ferramentas mais promissoras na prática clínica para tratamento de leucemias e linfomas de células B. O tafasitamabe (MOR002089) é um anticorpo anti-CD19 com domínio Fc modificado para favorecer sua ligação a receptores FcγRIIIa (CD16), promovendo a lise e fagocitose de células neoplásicas por células natural killer (NK) e macrófagos. Após publicação dos primeiros resultados do estudo de fase II L-MIND (NCT02399085), o tafasitamabe recebeu aprovação nos Estados Unidos para uso em segunda linha no tratamento de Linfomas Difusos de Grandes Células B recidivo ou refratários (LDGCB – R/R) em associação com lenalidomida. Após o acompanhamento de 5 anos, os dados do ensaio foram atualizados e apresentados na 17ª Conferência Internacional sobre Linfoma Maligno (ICML).

O ensaio clínico recrutou 81 pacientes com LDGCB – R/R, que foram submetidos ao tratamento prévio com 1 – 3 linhas (pLoT, prior lines of therapy), incluindo terapia com anti-CD20 e inelegíveis para o transplante autólogo de células-tronco, dos quais 80 foram submetidos a análise completa. O tratamento foi realizado por 12 ciclos de 4 semanas com administração diária de lenalidomida (25mg via oral) por três semanas e administração de tafasitamabe (12mg/kg intravenoso) semanal até o 3º ciclo, seguido por duas vezes por semana a partir do 4º ciclo. Após o 12º ciclo, o tafasitamabe foi administrado como agente único com observação da progressão da doença, toxicidade não tolerável ou descontinuação do tratamento por qualquer razão.

Os resultados demonstram que houveram taxas de resposta global (ORR) de 56,2% (IC95%: 44,7-67,3%), taxa de resposta completa (CR) de 40% (IC95%: 29,2 – 51,6; n= 32) e uma taxa de resposta parcial (PR) de 16,2% (IC95%: 8,9 – 26,2; n = 13), consistentes com os resultados da análise primária de 3 anos de seguimento. A mediana da duração de resposta não foi atingida no seguimento mediano de 43,7 meses. A mediana da sobrevida livre de progressão foi de 11,6 meses (IC95%: 5,7 – 45,7; seguimento mediano: 36,7 meses) e a sobrevida global mediana foi de 33,5 meses (seguimento mediano: 65,6 meses).

Os pacientes, com apenas uma linha de terapia prévia (n = 40), apresentaram melhores taxas de resposta quando comparados àqueles com ao menos duas linhas (n = 40): no grupo 1 pLoT, a taxa de resposta global foi de 65% (com taxas de resposta completa e parcial de 50% e 15%, respectivamente), enquanto no grupo ≥2 pLoT foi de 47,5% (com taxas de resposta completa e parcial de 30% e 17,5%, respectivamente). Os efeitos adversos foram manejáveis e consistentes, conforme reportado anteriormente, com redução na incidência após a transição da terapia combinada para a monoterapia com tafasitamabe e novamente após dois anos nesse regime de tratamento.

Assim, os resultados do ensaio clínico de fase II L-MIND demonstraram uma resposta prolongada e duradoura com o uso de tafasitamabe na terapia de pacientes com LDGCB -R/R inelegíveis para o transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas, sem a identificação de novos sinais de segurança. Portanto, os dados corroboram com os achados anteriores e sugerem que o uso do tafasitamebe, apresenta potencial curativo no tratamento dessa neoplasia, que será avaliada em estudos futuros.

 

Referência:

Duell et al. Five-year efficacy and safety of tafasitamab in patients with relapsed or refractory DLBCL: Final results from the Phase II L-MIND study. Hematological Oncology, Volume 41, Issue S2, p. 437-439.