A segurança do protocolo combinado é positiva, com perfil de efeitos adversos controlável e resultados demonstram aumento significativo na sobrevida livre de progressão
O câncer de pulmão não pequenas células (NSCLC) com mutação EGFR representa uma das formas mais agressivas de câncer pulmonar. O estudo RAMOSE, um ensaio clínico de fase II, investigou a combinação de ramucirumab com osimertinib para pacientes com câncer de pulmão metastático não tratados previamente com inibidores da tirosina quinase (TKI) direcionados ao EGFR. O objetivo foi avaliar a eficácia e segurança desta combinação em comparação com a monoterapia com osimertinib.
A metodologia do estudo envolveu 159 pacientes aleatoriamente designados para dois grupos: o braço A recebeu ramucirumab (10 mg/kg) intravenoso a cada 3 semanas, em combinação com osimertinib (80 mg oral, uma vez ao dia), e o braço B recebeu apenas osimertinib. Os pacientes foram acompanhados por uma média de 16,6 meses. As análises foram realizadas com base em critérios de avaliação de resposta (RECIST v1.1), avaliando progressão da doença e taxas de resposta objetiva (ORR), controle da doença (DCR), entre outros. Além disso, a segurança foi monitorada de perto, com foco nos eventos adversos (AEs) e nas taxas de descontinuação do tratamento.
Os resultados preliminares mostraram que a combinação de ramucirumab com osimertinib (braço A) levou a um aumento significativo na sobrevida livre de progressão (PFS) em comparação com o grupo de monoterapia (braço B). A mediana de PFS foi de 24,8 meses no braço A, contra 15,6 meses no braço B (HR 0,55, P=0,023). A taxa de PFS em um ano foi de 77% no braço A, contra 62% no braço B. A taxa de PFS em dois anos foi de 51% para o braço A e 30% para o braço B. Essas diferenças indicam que a combinação terapêutica pode proporcionar uma vantagem clínica relevante para esses pacientes.
Em relação aos subgrupos analisados, o benefício de PFS com a combinação foi consistente, independentemente da mutação EGFR (exon 19 ou L858R) ou da presença de metástases cerebrais. Entre os pacientes com metástases cerebrais, o grupo A também apresentou melhores resultados, com mediana de PFS de 17,9 meses, contra 13,8 meses no grupo B. Para os pacientes sem metástases cerebrais, o benefício foi ainda mais pronunciado no braço A, com PFS não alcançado, enquanto o braço B teve 18,4 meses de PFS.
Em termos de segurança, a combinação de ramucirumab com osimertinib foi bem tolerada pelos pacientes, com uma alta taxa de adesão ao tratamento. A maioria dos efeitos adversos observados foi de grau 1 ou 2, sendo os mais comuns: diarreia, fadiga e dor de cabeça. Apenas 1 paciente do braço A apresentou efeito adverso de grau 4 (hiponatremia). Entre os efeitos adversos de interesse relacionados ao ramucirumab, destacaram-se a hipertensão, epistaxe e proteinúria, que foram monitorados de perto, mas sem novas sinalizações de segurança.
Os resultados do estudo RAMOSE indicam que a combinação de ramucirumab com osimertinib apresenta um perfil de eficácia promissor para pacientes com câncer de pulmão metastático EGFR-mutado, com benefícios claros em termos de sobrevida livre de progressão. A combinação mostrou-se segura e bem tolerada, com efeitos adversos controláveis. Os resultados reforçam a necessidade de mais investigações sobre novas abordagens terapêuticas para este grupo de pacientes, visando melhorar ainda mais os desfechos clínicos e a qualidade de vida.
Referências:
Le, X. et. al. A Multicenter Open-Label Randomized Phase II Study of Osimertinib With and Without Ramucirumab in Tyrosine Kinase Inhibitor-Naïve EGFR-Mutant Metastatic Non-Small Cell Lung Cancer (RAMOSE trial). J Clin Oncol. 2025 Feb; 43(4):403-411. doi: 10.1200/JCO.24.00533. Epub 2024 Oct 8. PMID: 39378386; PMCID: PMC11776886.
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Luis Natel
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Tainah Matos
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.