Terapia hormonal para pacientes com câncer de mama HR+ - Oncologia Brasil

Terapia hormonal para pacientes com câncer de mama HR+

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Neste vídeo, Dra. Juliana PimentaMédica Oncologista no Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital da Beneficência Portuguesa em São Pauloaborda sobre a evolução do tratamento hormonal para pacientes com câncer de mama HR+

Para pacientes com câncer de mama receptor hormonal (HR) positivo com doença localizada, há três etapas de tratamento adjuvante que podem ser utilizadas, com intuito de aumentar as chances de cura das pacientes, são elas, a quimioterapia, a radioterapia, e a hormônio terapia. No cenário de doença luminal, ou seja, no câncer de mama HR+ HER2-, a hormônio terapia é uma parte essencial do tratamento, e tem um grande impacto no aumento de chance de cura das pacientes. Já a quimio e radioterapia podem ou não ser recomendadas, dependendo do perfil da doença e da paciente.  

Vários estudos têm demonstrado a superioridade do uso de inibidores de aromatase (exemestano, letrozol, anastrozol) comparados com tamoxifeno. No cenário da adjuvância, cada vez mais estudos têm demonstrado uma redução do risco de recorrência da doença através da utilização do inibidor de aromatase por pacientes com câncer de mama na pós menopausa, em comparação com o tamoxifeno. Muito tem sido discutido acerca do tempo de utilização da terapia hormônal adjuvante. Foi demonstrado um pequeno benefício adicional de estender o uso do inibidor de aromatase para além de 5 anos, e, há relato de benefício ainda melhor de utilizar o inibidor de aromatse por 5 anos após o uso de tamoxifeno. 

Como por exemplo, foi demonstrado no estudo GIM4 (NCT01064635), apresentado no ESMO 2021, cujo objetivo foi comparar a terapia estendida com letrozol por 5 anos versus o tratamento padrão de 2 a 3 anos com este inibidor de aromatase, em pacientes na pós-menopausa com câncer de mama RH+, que já tinham recebido tamoxifeno por 2 a 3 anos no cenário adjuvante e estavam livres de recorrência após esse período inicial. Este estudo não obteve diferenças entre os dois grupos, sugerindo que o efeito do letrozol pode levar mais de uma década para ser observado, o que ressalta a importância do tempo de seguimento adequado com a administração dos inibidores de aromatase. 

Dra. Juliana ressalta que é necessário avaliar o perfil do paciente para decidir qual a melhor terapia para cada um. São vários critérios que devem ser levados em consideração nesta escolha, como a tolerância do paciente ao tratamento; o risco e estádio da doença, inibidores de aromatase podem ser um pouco superiores ao tamoxifeno na pós menopausa; além da questão de custo e acesso, algo a ser considerado diante de um tratamento tão longo.  

 Referência:  

Del Mastro L, et al. Extended therapy with letrozole as adjuvant treatment of postmenopausal patients with early-stage breast cancer: a multicentre, open-label, randomised, phase 3 trial. The Lancet Oncology 2021; 22(10): 1458-67.

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