Uso da eribulina no tratamento do câncer de mama metastático - Oncologia Brasil

Uso da eribulina no tratamento do câncer de mama metastático

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Neste vídeo, Dra. Solange Sanches, coordenadora da Equipe Mama (Oncologia Clínica) do Centro de Referência de Tumores de Mama do A.C. Camargo Cancer Center, comenta sobre o papel da eribulina no tratamento do câncer de mama metastático, a partir de dados de estudos clínicos randomizados e estudos de vida real

 

É inquestionável que a quimioterapia faz parte do tratamento do câncer de mama metastático, entretanto, existe uma grande necessidade de tratamentos que melhorem a sobrevida global para mulheres com câncer de mama metastático avançado ou recorrente, particularmente aquelas com doença fortemente pré-tratada, e existem poucos estudos que analisam o sequenciamento do tratamento neste contexto. 

A eribulina é um agente inibidor de microtúbulos bastante eficiente, e tem um papel na remodelação vascular, e reversão da transição epitélio mesenquimal, e na supressão da migração e invasão celular.  

O estudo EMBRACE comparou a eribulina à quimioterapia de escolha do investigador, e demostrou ganho de sobrevida, mesmo em linhas tardias de tratamento. Nesta mesma linha, o estudo clínico 301 comparou a eribulina com a capecitabina em primeira, segunda, ou terceira linha de tratamento do câncer de mama metastático, expostos previamente a antraciclina e taxano. Neste estudo, a diferença de sobrevida não foi significativa no grupo como um todo, sugerindo que estes agentes seriam igualmente eficazes, e podem ser escolhidos de acordo com a toxicidade do tratamento.  

Entretanto, uma análise pré-especificada deste estudo analisou os desfechos de acordo como o subtipo tumoral. Esta análise apontou que, a sobrevida global foi maior com eribulina quando comparada com capecitabina nos tumores HER2-, havendo uma redução de 16% do risco de morte; nos tumores com (receptor de estrogênio) RE-, com uma redução do risco de morte de 22%; e por fim, alcançou a maior magnitude nos tumores triplo negativos, onde a sobrevida mediana passou de 9,4 para 14,4 meses, havendo uma redução de 30% no risco de morte. Entretanto, esta análise não demonstrou diferenças na efetividade do tratamento quando analisado entre as linhas de tratamento. Este estudo mostra a eribulina como uma opção efetiva, especialmente para pacientes HER2-, RE-, e triplo negativas, independentemente da linha de tratamento da doença metastática.  

A especialista também comenta sobre um estudo de vida real, que analisou uma população americana de pacientes com câncer de mama metastático triplo negativo. Os pacientes foram divididos em dois grupos, um grupo de pacientes tratados em primeira ou segunda linha e outro grupo de pacientes trados em terceira linha ou linhas posteriores. Foram analisados 252 registros médicos, e observou-se um maior benefício clínico para os pacientes de primeira ou segunda linha de tratamento. Percebe-se que na população de mundo real, a eribulina é uma excelente opção terapêutica no câncer de mama metastático, nestes contextos que foram abordados.  

No vídeo, Dra. Solange traz uma análise detalhada dos estudos clínicos, vale a pena assistir e conferir o conteúdo completo! 

 

Referências:  

Miyoshi Y, Yoshimura Y, Saito K, et al. High absolute lymphocyte counts are associated with longer overall survival in patients with metastatic breast cancer treated with eribulin-but not with treatment of physician’s choice-in the EMBRACE study. Breast Cancer. 2020;27(4):706-715. doi:10.1007/s12282-020-01067-2 

Kaufman PA, Awada A, Twelves C, et al. Phase III open-label randomized study of eribulin mesylate versus capecitabine in patients with locally advanced or metastatic breast cancer previously treated with an anthracycline and a taxane. J Clin Oncol. 2015;33(6):594-601. doi:10.1200/JCO.2013.52.4892  

Mougalian SS, Copher R, Kish JK, et al., Clinical benefit of treatment with eribulin mesylate for metastatic triple-negative breast cancer: Long-term outcomes of patients treated in the US community oncology setting. Cancer Med. 2018 Sep;7(9):4371-4378. doi: 10.1002/cam4.1705. Epub 2018 Jul 31. PMID: 30066497; PMCID: PMC6144147. 

 

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