Uso de anticorpo biespecífico (GPRCD5 x CD3) talquetamabe no tratamento de mieloma múltiplo recidivado e refratário - Oncologia Brasil

Uso de anticorpo biespecífico (GPRCD5 x CD3) talquetamabe no tratamento de mieloma múltiplo recidivado e refratário

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Neste vídeo, Dr. Jayr Schmidt, médico hematologista e chefe de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular do A.C. Camargo Cancer Center, comenta sobre os resultados do estudo clínico de fase II MonumenTAL-1 que demonstram eficácia e segurança do anticorpo biespecífico no tratamento de mieloma múltiplo recidivado/refratário. Confira o conteúdo completo.

 

O estudo MonumenTAL-1 avalia o uso do anticorpo biespecífico talquetamabe para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo recidivado e/ou refratário a pelo menos três terapias anteriores. Esse anticorpo tem como alvo a proteína GPRCD5 (do inglês G protein-coupled receptor family C group 5 member D) – um receptor órfão expresso nas células malignas do mieloma múltiplo – e a proteína CD3 – expressa na superfície dos linfócitos T – favorecendo o reconhecimento e lise de células malignas por células imunes. Resultados previamente publicados sugeriram a eficácia e segurança do tratamento. Agora, no congresso anual da Associação Europeia de Hematologia (EHA) de 2023, Touzeau e colaboradores trazem novas atualizações do estudo, que reforçam seu potencial. 

O estudo recrutou pacientes que demonstraram intolerância ou progrediram em pelo menos três linhas de tratamento anteriores, incluindo ao menos uma terapia com imunomoduladores, uma terapia com inibidores de proteassoma e uma terapia com anti-CD38. No total, 288 pacientes foram alocados para receber talquetamabe em doses subcutâneas de 0,4 mg/kg semanalmente (QW; n = 143) ou 0,8 mg/kg a cada duas semanas (Q2W; n = 145); além desses, 51 pacientes que previamente haviam recebido terapias redicionadoras de células T (dos quais 71% foram tratados com CAR-T, 35% com anticorpos biespecíficos e 6% com ambas terapias) foram recrutados e receberam uma das duas posologias de tratamento. 

Na coorte de regime semanal (QW) a taxa de resposta global foi de 74% (seguimento mediano de 14,9 meses), 59% dos pacientes apresentaram pelo menos resposta parcial muito boa e a sobrevida livre de progressão mediana foi de 7,5 meses. Já na coorte que recebeu o tratamento a cada 2 semanas (Q2W), a taxa de resposta global foi de 72% (seguimento mediano: 8,6 meses), 61% dos pacientes apresentaram ao menos resposta parcial muito boa e a sobrevida livre de progressão mediana foi de 14,2 meses. Por último, entre pacientes que haviam recebido previamente terapia com redirecionamento de células T, a taxa de resposta global foi de 65%, com 55% dos pacientes apresentando ao menos resposta parcial muito boa (seguimento mediano: 11,8 meses) e a sobrevida livre de progressão mediana foi de 5,1 meses.  

Os eventos adversos observados incluíram: síndrome de liberação de citocinas (75 a 79% nas três coortes), eventos relacionados à pele (56-73%), eventos relacionados a unhas (54-63%) e disgeusia (71-77%), sendo a maioria desses eventos de grau 1 ou 2 e clinicamente manejáveis. Síndrome de neurotoxicidade associada a células imuno efetoras foi observada em 11% dos pacientes das coortes QW e Q2W e em 3% dos pacientes previamente tratados com redirecionadores de células T. Infecções ocorreram entre 59% dos pacientes na coorte QW, 66% dos pacientes da coorte Q2W e em 72,5% dos pacientes tratados com redirecionadores de células T, sendo que as infecções de grau 3 ou 4 apareceram em uma frequência de 20%, 14,5% e 27,5% nas três coortes, respectivamente. Os eventos adversos resultaram em redução da dose em 8-15% dos pacientes e em suspensão do tratamento em 5-8% dos pacientes nas três coortes.  

Os autores ainda investigaram fatores associados à resposta terapêutica e revelaram que os respondedores apresentavam maiores contagens de linfócitos T e menor frequência dessas células apresentando marcadores de exaustão celular e de células T regulatórias expressando CD38 quando comparados aos não-respondedores.  

Assim, os resultados demonstram a eficácia e segurança do anticorpo biespecífico talquetamabe para o tratamento de mieloma múltiplos recidivado e/ou refratários a outros tratamentos. Esse estudo continua em andamento assim como estudos fase 3 em monoterapia ou combinações. 

No vídeo, o especialista apresenta esses resultados de forma detalhada abordando os impactos dos mesmos na prática clínica. Vale a pena conferir o conteúdo completo.  

 

Referência:  

Thouzeau et al. Pivotal Phase 2 MonumenTAL-1 Results of Talquetamab, a GPRC5D×CD3 Bispecific Antibody, for Relapsed/Refractory Multiple Myeloma. Pôster apresentado no congresso anual da European Hematology Association – EHA® 2023, Frankfurt, Alemanha. Realizado no período de 8 a 15 de junho de 2023. Disponível em: https://www.congresshub.com/Oncology/EHA2023/Talquetamab/Touzeau (acesso em 23/06/2023).