Análise de biomarcadores em pacientes com câncer de próstata resistente a castração metastático e resistente a enzalutamida

Estudo KEYNOTE-199, de fase II, avaliou o perfil de biomarcadores em pacientes com câncer de próstata metastático resistente a castração (CPRCm) e resistentes a enzalutamida, tratados com pembrolizumabe em combinação com enzalutamida

Sabendo-se que a combinação entre pembrolizumabe e enzalutamida possui atividade antitumoral relevante nos casos de CPRCm resistente à enzalutamida, o objetivo deste trabalho foi avaliar a associação entre biomarcadores pré-especificados e o desfecho clínico de pacientes com CPRm em tratamento com esta associação de medicamentos. 

Para isso, os pacientes foram divididos em duas coortes, a primeira, com doença mensurável pelo RECIST 1.1, e a segunda com doença predominantemente óssea. Em ambos os grupos, os pacientes não haviam recebido quimioterapia prévia, e a doença havia progredido após resposta inicial com enzalutamida. Avaliou-se o TMB (tumoral mutation burden) por sequenciamento de exoma, em combinação com a positividade do PD-L1 (CPS, por imuno-histoquímica), além de 18 genes ligados a inflamação de células T. Os dados analisados foram a sobrevida livre de progressão, a taxa de controle da doença, resposta de PSA, progressão de PSA e sobrevida global.  

Na primeira coorte, 16% dos pacientes com dados de PD-L1 e TMB obtiveram resposta de PSA; e na segunda coorte, 14% dos pacientes obtiveram resposta de PSA. O TMB foi associado a uma melhor taxa de controle da doença (p=0,03), e está fracamente associado a resposta de PSA (p=0,08). Pacientes com genes de células T inflamatórias (p=0,32) e PD-L1 (p=0,57) não foram associados a progressão do PSA, enquanto o TMB foi positivo para essa associação (p=0,04). Nenhum dos biomarcadores foi associado a sobrevida livre de progressão ou sobrevida global. 

A partir dos dados apresentados, pode-se concluir que a análise de biomarcadores, dos pacientes do estudo clínico KEYNOTE-199, não foi significativamente associada ao desfecho clínico. Ainda que a prevalência de TMB fosse baixa (≥175mut/exoma), há uma associação positiva com resultados envolvendo pembrolizumabe em combinação com enzalutamida em pacientes com CPRCm refratário à enzalutamida. As amostras, segundo os autores, são pequenas e os resultados, portanto, devem ser analisados com cautela.  

Referências: 

Study of Pembrolizumab (MK-3475) in Participants With Metastatic Castration-Resistant Prostate Cancer (mCRPC)(MK-3475-199/KEYNOTE-199). Presented by Julie N. Graff at Mini oral session – Translational research Fri, 17.09.2021. https://doi.org/10.1016/j.annonc.2021.08.341