Dra. Pollyana Pinheiro Inácio, médica Hematologista e Hemoterapeuta no Hemolabor, comenta neste vídeo sobre sua experiência no tratamento de pacientes com mieloma múltiplo – principalmente no que diz respeito ao impacto da pandemia no tratamento desses pacientes
Dra. Pollyana discorre sobre o caso clínico de uma paciente de 80 anos, branca e professora aposentada, que procurou suporte clínico em junho de 2018 encaminhada por sua dermatologista. A dermatologista, em uma consulta de rotina, notou uma anemia, e encaminhou a paciente para o hematologista investigar. Na anamnese, a paciente apresentava uma fadiga de aproximadamente 4 meses de evolução, agravada no último mês.
Era uma paciente com obesidade importante e limitações relacionadas a suas comorbidades. A paciente era também hipertensa, tinha hipotireoidismo e doença de refluxo esofágico. Seus exames laboratoriais confirmaram uma anemia moderada, função renal considerada boa para idade, cálcio iônico normal, DHL normal, beta-2microglobulina de 6mg/dl, eletroforese de proteínas totais que tinha um pico monoclonal em beta. No mielograma com biopsia de medula óssea a paciente apresentava 27% de plasmócitos atípicos, com 10% de plasmócitos clonais. A imuno-histoquímica, revelava 70% de ocupação de plasmócitos com características clonais, cariótipo normal, sem mutação 17p. Foi diagnosticado então um mieloma múltiplo IgA lambda.
A especialista escolheu o protocolo de tratamento VRd (bortezomibe, lenalidomida e dexametasona) que foi iniciado em julho de 2018. Após algumas intercorrências detalhadas pela especialista no vídeo, decidiu-se seguir com lenalidomida isolada como manutenção, em agosto de 2019. A paciente se manteve bem, entretanto, em janeiro de 2020 se queixou dos efeitos adversos da lenalidomida. Então, foi decidido pela suspensão da manutenção – já que a paciente apresentava um platô muito longo e já não havia vantagens com o uso da medicação. A paciente seguiu em observação com exames mensais. No entanto, em março de 2020, a pandemia de COVID-19 impediu o atendimento presencial dos pacientes, os transferindo para telemedicina. Aos poucos ocorreu um aumento lento da IgA, a princípio, uma recaída laboratorial exclusiva, sem recaída clínica.
Ao longo dos meses, a especialista viu a necessidade de retorno ao tratamento, e em agosto, a paciente obteve recaída clínica. Foi optado então pelo melhor tratamento disponível naquele momento. Um tratamento completamente oral, que não levaria a paciente a clínica para infusões, reduzindo seu contato com os profissionais de saúde – algo que foi importante devido ao cenário da pandemia de COVID-19.
Em outubro, a paciente iniciou o protocolo IRd (ixazomib, lenalidomida e dexametasona). Inicialmente, não houve grande toxicidade. No entanto, a paciente evoluiu com uma fadiga importante, sendo necessário reduzir a dose de lenalidomida. Houve então uma estabilidade clínica e melhora clínica progressiva. A paciente foi completamente vacinada contra COVID-19, e em abril de 2021, já não apresentava anemia, além de uma grande redução da IgA. Sendo assim, apresentando uma boa qualidade de vida.
Dra. Pollyana traz um relato importante para o atual momento que estamos vivendo, sendo que o mieloma se tornou a doença hematológica de maior risco na aquisição de COVID-19. Este caso clínico, além de todas as questões laboratoriais, apresenta uma paciente totalmente satisfeita com o tratamento e com possibilidade de remissão completa da doença.
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