Efeito da quimioterapia intraperitoneal hipertérmica associada à cirurgia em pacientes com câncer gástrico e metástases peritoneais sincrônicas - Oncologia Brasil

Efeito da quimioterapia intraperitoneal hipertérmica associada à cirurgia em pacientes com câncer gástrico e metástases peritoneais sincrônicas

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GASTRIPEC-I-Trial: Nesse grupo de pacientes, a cirurgia citorredutora associada à HIPEC resultou em ganho de sobrevida livre de progressão e sobrevida livre de metástases como desfechos secundários 

Em pacientes com metástases peritoneais por câncer gástrico, a quimioterapia paliativa é o tratamento de escolha. Cirurgia citorredutora e quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC) são ainda uma questão de debate, visto que as evidências são controversas. GASTRIPEC-1 foi um estudo randomizado multicêntrico de fase III, que avaliou o impacto da cirurgia citorredutora associada à HIPEC em sobrevida global nesse contexto.  

Pacientes com câncer gástrico com confirmação histológica e metástases peritoneais foram randomizados para cirurgia citorredutora isolada (CCR), com intuito curativo, ou CCR e HIPEC (CCR+H) com quimioterapia pré e pós-operatória. O esquema de quimioterapia estabelecido foi o EOX; em casos HER-2 positivos, seria definido o esquema com cisplatina, capecitabina e trastuzumabe. O esquema de HIPEC consistia em mitomicina C 15m/m2 e cisplatina 75mg/m2 em 5 litros de solução salina (60 min, 42°C). A randomização foi estratificada pelo centro, PCI e status HER-2. O desfecho primário foi sobrevida global. Os desfechos secundários foram sobrevida livre de progressão e sobrevida livre de metástases. As análises foram realizadas na população com intenção de tratamento e tempo até o evento pelo teste de Fleming-Harrington. 

 

Resultados:  

Entre março de 2014 até junho de 2018, 105 pacientes foram randomizados (52 no grupo CCR+H e 53 no CCR). No total, 55 pacientes pararam o tratamento antes da CCR (progressão de doença ou morte). A mediana de sobrevida global em ambos os grupos foi de 14.9 meses (CCR 14.9 meses [95% IC: 7.0-19.4) vs CCR+H 14.9m [95% IC:8.7-17.7; p=0.1647]). A sobrevida livre de progressão foi significativamente superior, aumentando de 3.5 meses (95% IC 3.0-7.0) no braço CCR para 7.1 meses (95% IC 3.7-10.5; p=0.047) no grupo CCR+H. A população CCR+H apresentou maior sobrevida livre de metástases 10.2 meses (95% IC: 7.7-14.7) comparado com 9.2 meses (95% IC: 6.8-11.5; p=0.0286) no outro grupo. A incidência de eventos adversos grau ≥3 foi semelhante entre os braços durante o período de quimioterapia pré-operatória e até 30 dias após a cirurgia. 

Conclusão:  

O estudo GASTRIPEC-I não mostrou diferença em sobrevida global, entre pacientes com câncer de estômago com metástases peritoneais submetidos à cirurgia de citorredução, associada ou não a HIPEC. Entretanto, houve ganho estatisticamente significativo em sobrevida livre de progressão e sobrevida livre de metástases no grupo CCR+HIPEC. Investigações adicionais são necessárias. Vale ressaltar que a adição de HIPEC não resultou em aumento da incidência de eventos adversos.  

 

Referências:  

1.GounderNEJM 2018; 

2.Rau, et al.Abstract 1376O. Annals of Oncology. V32. Issue S5. 2021. DOI:10.1016/j.annonc.2021.08.1485