Em pacientes com tumores desmoides recém–diagnosticados superficiais, a vigilância ativa com ressonâncias magnética periódica ajuda na decisão de tratamento e pode poupar pacientes de terapias agressivas desnecessárias
Tumores desmoides são caracterizados por história natural imprevisível. A maioria da literatura relacionada à doença é composta por dados retrospectivos. Em estudo duplo-cego de fase III prévio, comparando sorafenibe com placebo, a taxa de sobrevida livre de progressão (SLP) em dois anos foi de 36%, no grupo placebo. Contudo, os indivíduos incluídos já haviam apresentado alguma progressão de doença prévia ou tumores recorrentes. Desta forma, este estudo observacional de fase II NCT01801176 avaliou, como desfecho primário, a SLP e os tratamentos utilizados na progressão, em pacientes com tumores desmoides esporádicos recém-diagnosticados. Os desfechos secundários incluíam avaliação de dor e informações sobre vigilância ou terapia após progressão. O estudo foi conduzido em nove hospitais do French Sarcoma Group. Adultos com diagnóstico histológico confirmado de tumores desmoides primários superficiais, localizados em tronco ou extremidades, sem tratamento prévio, foram submetidos à vigilância ativa. Ressonâncias magnéticas foram realizadas nos meses 1, 3 e 6 (e então, foram mantidas em intervalos de 6 meses) e os tamanhos tumorais avaliados pelo RECIST. A avaliação de dor se baseou no escore CTAV4.
Resultados:
Entre 2012 e 2015, 100 pacientes foram incluídos no estudo. A relação mulher/homem foi de 8; a mediana de idade ficou em torno de 35.5 anos (IQR 26-45). As localizações foram: extremidades n=28, parede abdominal n=49, parede torácica n=23. A mediana de seguimento foi de 46.6 meses (IQR 36.8-61.1). A SLP em 2-3 anos foi de 59.1% (49.2-68.4) e 53.4% (43.5-63.1) respectivamente. Os principais resultados foram: resposta completa em nove dos 90 pacientes (8.9%); resposta parcial, em 20 de 90 pacientes (22.2%); a doença estável, em 50 de 90 pacientes (66.7%). O tempo mediano de resposta espontânea foi de 38.6 meses (29.8-NA). A mediana de tempo para progressão foi de 6.74 meses (5.65-10.65). A mediana da relação do tamanho do tumor/tamanho basal do tumor diminuiu após 9 meses. A mediana do escore de dor visual em 3 meses foi de 0 (0-0.75). Idade, localização, tamanho tumoral e mutações em beta-catenina não impactaram na SLP pelo modelo de Cox. Na progressão (n=48), 25 pacientes continuaram com vigilância ativa, quatro receberam crioablação, quatro foram tratados com radioterapia, 10 com terapia hormonal, quatro com quimioterapia e um foi submetido à cirurgia.
Conclusão:
Vigilância ativa em tumores desmoides recém-diagnosticados se mostrou uma estratégia efetiva para selecionar melhor indicações de tratamento e poupar pacientes de terapêuticas agressivas quando não necessárias. O tempo até a redução da relação entre a mediana do tamanho do tumor/tamanho basal do tumor pode ser de 9 meses.
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