Estudo avalia risco de insuficiência ovariana no tratamento do Linfoma de Hodgkin - Oncologia Brasil

Estudo avalia risco de insuficiência ovariana no tratamento do Linfoma de Hodgkin

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A insuficiência ovariana prematura induzida por quimioterapia é de grande preocupação para pacientes do sexo feminino com câncer; portanto, o aconselhamento adequado sobre este risco é obrigatório e de particular importância para as mulheres com linfoma de Hodgkin (LH), frequentemente diagnosticadas em idade jovem. No entanto, há poucos dados para estimar o efeito de diferentes regimes de quimioterapia na função gonadal.

Recentemente, Anderson RA et al publicou no The Lancet Oncology resultados importantes sobre o risco de insuficiência ovariana prematura induzida por quimioterapia associada aos esquemas ABVD, AVD ou BEACOPP. Nesse sub-estudo, realizado no ensaio RATHL, foram avaliados biomarcadores da função ovariana de 67 participantes, durante e até 3 anos após a quimioterapia em mulheres com ≤45 anos no momento do diagnóstico.

O estudo confirma que tanto o tipo de quimioterapia quanto a idade do paciente no momento do tratamento permanecem os dois principais determinantes do risco de insuficiência ovariana prematura. As concentrações de hormônio antimülleriano se recuperaram naqueles pacientes que receberam ABVD ou AVD 1 ano após o tratamento, enquanto pouca recuperação foi observada após o tratamento com BEACOPP. Houve risco aumentado de insuficiência ovariana prematura em mulheres com 35 anos ou mais no momento do diagnóstico. A recuperação da função ovariana, medida pelas concentrações de FSH, ocorreu 1 ano após o término do tratamento para a maioria dos pacientes (75% tratados com ABVD ou AVD e 33% tratados com BEACOPP), mas a recuperação também pode ocorrer durante o segundo ano, com pouca chance de recuperação a partir de então. No entanto, os autores destacaram a necessidade de uma definição padronizada de insuficiência ovariana prematura e o melhor preditor de infertilidade ainda precisa ser identificado.

Enquanto a criopreservação de óvulos é a primeira opção para preservar a fertilidade, o uso de supressão ovariana temporária com agonistas do hormônio liberador de gonadotropina durante a quimioterapia pode ser oferecido para preservação da função ovariana em pacientes com câncer de mama, mas sua eficácia ainda não foi demonstrada em pacientes com o linfoma de Hodgkin. Os resultados do estudo de Anderson e colegas destacam a importância de discutir o acesso a essas opções em mulheres com mais de 35 anos, independentemente do tipo de quimioterapia, e entre os candidatos ao regime de BEACOPP, independentemente de sua idade.

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