A adição de um inibidor de CDK 4/6 ao tratamento hormonal de primeira linha prolonga de forma estatisticamente significativa a sobrevida global da paciente, evidenciando uma mediana de SG de 63,9 meses e incremento de mais de um ano de vida para mulheres na pós-menopausa com câncer de mama avançado HR+/HER2–, de acordo com os resultados mais recentes do estudo clínico MONALEESA-2 apresentado no Congresso ESMO 2021
MONALEESA-2 (NCT01958021) é um ensaio clínico randomizado de fase III que investiga ribociclibe (RIB) mais letrozol (LET) vs placebo (PBO) mais LET em primeira linha em pacientes pós-menopausa com câncer de mama avançado positivo para receptor hormonal (HR) e negativo para HER2 (HR+/HER2-). Anteriormente a esse dado, estavam publicados para esse estudo os resultados de RIB + LET para o desfecho primário de sobrevida livre de progressão (SLP), demonstrando uma mediana de SLP de 25,3 meses e uma redução de risco para progressão de 44% (HR, 0,56; IC de 95%, 0,43-0,72).. Os resultados desta atualização se somam a isso, mostrando que o iCDK 4/6, ribociclibe, prolonga a vida da paciente, estendendo a sobrevida global (SG) em mais de um ano, desfecho secundário chave do estudo.
Para este estudo, pacientes em pós-menopausa com câncer de mama avançado HR+/HER2- foram randomizados 1:1 para receber RIB + LET ou PBO + LET. Os pacientes foram excluídos se eles receberam um iCDK4/6 anterior, quimioterapia ou terapia endócrina no cenário avançado. A SG foi avaliada com um teste de log-rank estratificado e resumida utilizando o método de Kaplan-Meier.
Os dados foram analisados para população por intenção de tratar, que incluiu 668 pacientes (RIB: 334; PBO: 334). No cutoff dos dados (10 de junho de 2021), 47 pacientes ainda estavam em tratamento (RIB: 30 [9,0%]; PBO: 17 [5,1%]) e a mediana de acompanhamento foi de 79,7 meses (mínimo de 74,6 meses).
A SG final foi avaliada após 400 mortes (RIB: 181 [54,2%]; PBO: 219 [65,6%]), número de eventos necessário para testar a hipótese de diferença. De acordo com esses dados, a combinação de ribociclibe com letrozol mostrou um benefício de SG significativo, quando comparado com o placebo mais letrozol (mediana de 63,9 vs 51,4 meses; HR, 0,76; IC de 95%, 0,63-0,93; P = 0,004) e atingiu o limite de significância estatística.
Os dados também demonstram que o benefício de ribocilibe aumenta com o tempo. A diferença na proporção de pacientes vivos em 4 anos foi de 5,7%, que aumentou para 8,4% em 5 anos e atingiu uma diferença de 12,2% em 6 anos, sendo de 44,2% para RIB vs 32,0% para PBO. O tempo para a primeira quimioterapia (mediana, 50,6 vs 38,9 meses; HR, 0,74; IC de 95%, 0,61-0,91) e tempo de sobrevida livre de quimioterapia (mediana, 39,9 vs 30,1 meses; HR, 0,74; IC de 95%, 0,62-0,89) foram postergados, demonstrando novo benefício consistente para ribocilibe quando comparado com placebo. Entre os pacientes que descontinuaram o tratamento do estudo, o maior percentual de pacientes no grupo controle foi tratado com iCDK 4/6 subsequente, 21,7% com RIB + LET e 34,4% no grupo LET + PBO receberam iCDK 4/6 subsequente para RIB vs PBO, e, ainda assim, foi observada uma diferença clinicamente relevante e estatisticamente significativa na SG. O perfil de segurança foi consistente com o que já demonstrado anteriormente.
Até o momento, este é o primeiro relato de um benefício de SG estatisticamente significativa e clinicamente significativa para primeira linha com iCDK4/6 em pacientes pós-menopáusicas com câncer de mama avançado HR+/HER2-. É importante observar que esses dados estão relacionados a pacientes endócrinos sensíveis que não haviam recebido terapia endócrina anteriormente para doença metastática. A implicação clínica é que agora temos uma demonstração clara de que a combinação de terapia endócrina com o ribociclibe prolonga a sobrevida livre de progressão e a sobrevida global independentemente do perfil da paciente (pre, peri e pós menopausa), parceiro endócrino associado (letrozol, anastrozol ou fulvestranto) e linha de tratamento (primeira e segunda linha) .
Vale lembrar que está aberta uma consulta pública que prevê a inclusão dos iCDK 4/6, como o ribociclibe, no sistema público de saúde (SUS). A população geral e os profissionais de saúde têm até dia 29 de setembro de 2021 para se manifestar pela inclusão de terapias inovadoras para o tratamento de câncer de mama avançado.
Há quase 20 anos o SUS não recebe atualização de medicamentos para 70% das pacientes, que vivem com câncer metastático HR+ HER2. Esta inclusão representa um avanço relevante no contexto do tratamento do câncer de mama, sabendo que apenas uma pequena parcela da população brasileira tem acesso a planos privados de saúde. Para as pacientes que não gozam do acesso ao sistema de saúde suplementar, a disponibilidade de medicamentos de eficácia superior às terapias até então utilizadas permitiria uma maior qualidade de vida e maiores ganhos de sobrevida.
Referências:
LBA17 ‘Overall survival (OS) results from the phase III MONALEESA-2 (ML-2) trial of postmenopausal patients (pts) with hormone receptor positive/human epidermal growth factor receptor 2 negative (HR+/HER2−) advanced breast cancer (ABC) treated with endocrine therapy (ET) ± ribociclib (RIB)‘presented by Gabriel N. Hortobagyi during the Proffered Paper session – Breast cancer, metastatic on Sunday, 19 September, 13:30 to 14:55 (CEST) on Channel 1. Annals of Oncology, Volume 32, 2021 Supplement 5
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