Lenvatinibe no cenário de tratamento do câncer diferenciado de tireoide refratário - Oncologia Brasil

Lenvatinibe no cenário de tratamento do câncer diferenciado de tireoide refratário

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Está aberta a Consulta Pública nº 108 para incorporação do lenvatinibe ao Rol da ANS. Em sua apreciação inicial, a ANS apresentou parecer preliminar favorável para inclusão do lenvatinibe no Rol. A consulta pública fica aberta até 24 de abril de 2023. Não fique de fora! 

 

O carcinoma da tireoide é o tipo de tumor mais comum da região da cabeça e pescoço, representando cerca de 94% dos casos. Apesar de geralmente apresentar boas respostas, a incidência estimada de pessoas que desenvolvem doença metastática, com um comportamento mais agressivo, é de 4,5 casos por ano por um milhão de pessoas. A taxa de sobrevida em 10 anos entre pacientes com câncer diferenciado de tireoide refratário à terapia com radioiodo (iodo-131) é de 10% a partir do momento da detecção da metástase. Desta forma, há uma grande necessidade não atendida no tratamento desta neoplasia. 

O lenvatinibe é um antineoplásico oral, que foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2016 para o tratamento do câncer diferenciado de tireoide metastático refratário à radioiodoterapia. Esta aprovação teve como base os dados de um estudo clínico multicêntrico, randomizado, duplo-cego, de fase 3, chamado SELECT. A droga foi amplamente estudada para garantir que sua utilização traria benefícios com segurança os pacientes.  

Neste estudo clínico, os pacientes foram tratados com lenvatinibe ou placebo. As pessoas que receberam o lenvatinibe tiveram ganhos significativos em termos de sobrevida, comparados com aqueles pacientes que foram tratados com placebo. A saber, a sobrevida livre de progressão mediana foi de 18,3 meses no grupo lenvatinibe e 3,6 meses no grupo placebo (HR para progressão ou morte, 0,21; IC 99%, 0,14 a 0,31; P <0,001). A taxa de resposta foi de 64,8% no grupo lenvatinibe (4 respostas completas e 165 respostas parciais) e 1,5% no grupo placebo (P <0,001). Essa melhora é mais longa do que a observada em outros ensaios clínicos controlados por placebo envolvendo pacientes com esta doença. O lenvatinibe leva a alguns efeitos adversos, entretanto, a maioria destes foi controlada com intervenções clínicas padrão ou modificações de dose.  

Apesar de já aprovado pela Anvisa desde 2016, os pacientes do sistema suplementar de saúde, ou seja, os beneficiários dos planos de saúde, ainda não têm acesso a este medicamento. Para que este medicamento fique disponível para os pacientes é necessário que ele seja incluído no Rol da Agência Nacional de Saúde (ANS), um documento oficial que consta todos os medicamentos e procedimentos que os planos de saúde devem oferecer aos seus beneficiários. 

Atualmente, no Rol da ANS, não há nenhuma terapia disponível, com eficácia demonstrada por estudos clínicos de fase 3, para carcinoma diferenciado de tireoide. Desta forma com o intuito de garantir a inclusão do lenvatinibe no Rol da ANS, e assim, ampliar e melhorar a cobertura assistencial para pacientes com este tipo de tumor, está aberta uma consulta pública para discutir sobre esta inclusão. A consulta pública é um mecanismo de participação social utilizado com o objetivo de ampliar a discussão sobre o assunto e embasar a tomada de decisão. 

A participação de todos é muito importante. Por isso, convidamos a sociedade para contribuir na consulta pública, faça sua parte acessando o link: https://www.ans.gov.br/CP108 

Para mais informações sobre a Consulta Pública N° 108, item N° UAT 88, acesse os documentos oficiais da ANS neste https://informacoesCP108  

 

Referência:  

Schlumberger M, et al., Lenvatinib versus placebo in radioiodine-refractory thyroid cancer. N Engl J Med. 2015 Feb 12;372(7):621-30. doi: 10.1056/NEJMoa1406470. PMID: 25671254.